segunda-feira, 30 de março de 2015

Na verdade, o amor é uma força positiva, um poder espiritual transcendente. É, de fato, o mais profundo poder criativo da natureza humana. Enraizado nas riquezas biológicas da nossa herança, o amor floresce espiritualmente como a liberdade e como a resposta de uma criatura à vida em perfeito encontro com outra pessoa. É viver a apreciação da vida como um valor, como um dom. Responde à plena riqueza, variedade, fecundidade da própria experiência de viver: “conhece” o mistério íntimo da vida. Desfrutou da vida como uma riqueza inesgotável.






 
Amor e Vida

FOI PRECISO AS DORES...





Na caminhada da vida, aprendi que nem sempre temos o que queremos. 
Porque nem sempre o que queremos nos faz bem. 
Foi preciso as dores, para que eu aprendesse com as lágrimas. Foi necessário o riso, para que eu não me enclausurasse com o tempo. 
Foi preciso as pedras, pra que eu construísse meu caminho. 
Foram fundamentais as flores, para que eu me alegrasse na caminhada. 
Foi imprescindível a fé, para que eu, não perdesse a esperança. 
Foi preciso perder, para que ganhasse de verdade. 
Foi no silencio que fui ouvido com clareza. 
Pois sem provas não tem aprovação. 
E a vitória sem conquista é ilusão. 
E a maior virtude dos fortes é o PERDÃO.

LITURGIA DIÁRIA - ACOLHIMENTO DO MISTÉRIO CENTRAL DA NOSSA FÉ.

Leitura do Livro do Profeta Isaías.
1Eis o meu servo — eu o recebo; eis o meu eleito — nele se compraz minh’alma; pus meu espírito sobre ele, ele promoverá o julgamento das nações. 2Ele não clama nem levanta a voz, nem se faz ouvir pelas ruas.
3Não quebra uma cana rachada nem apaga um pavio que ainda fumega; mas promoverá o julgamento para obter a verdade. 4Não esmorecerá nem se deixará abater, enquanto não estabelecer a justiça na terra; os países distantes esperam seus ensinamentos”.
5Isto diz o Senhor Deus, que criou o céu e o estendeu, firmou a terra e tudo que dela germina, que dá a respiração aos seus habitantes e o sopro da vida ao que nela se move: 6“Eu, o Senhor, te chamei para a justiça e te tomei pela mão; eu te formei e te constituí como o centro de aliança do povo, luz das nações, 7para abrires os olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão, livrar do cárcere os que vivem nas trevas.

Responsório (Sl 26)

O Senhor é minha luz e salvação.
O Senhor é minha luz e salvação.

O Senhor é minha luz e salvação; de quem eu terei medo? O Senhor é a proteção da minha vida; perante quem eu temerei?
Quando avançam os malvados contra mim, querendo devorar-me, são eles, inimigos e opressores, que tropeçam e sucumbem.
Se contra mim um exército se armar, não temerá meu coração; se contra mim uma batalha estourar, mesmo assim confiarei.
Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver na terra dos videntes. Espera no Senhor e tem coragem, espera no Senhor!
 
Evangelho (Jo 12,1-11)

O Senhor esteja convosco.
Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
Glória a vós, Senhor.
1Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde morava Lázaro, que ele havia ressuscitado dos mortos. 2Ali ofereceram a Jesus um jantar; Marta servia e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele. 3Maria, tomando quase meio litro de perfume de nardo puro e muito caro, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos. A casa inteira ficou cheia do perfume do bálsamo.
4Então, falou Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de entregar: 5“Por que não se vendeu este perfume por trezentas moedas de prata, para dá-las aos pobres?” 6Judas falou assim, não porque se preocupasse com os pobres, mas porque era ladrão; ele tomava conta da bolsa comum e roubava o que se depositava nela.
7Jesus, porém, disse: “Deixa-a; ela fez isto em vista do dia da minha sepultura. 8Pobres, sempre os tereis convosco, enquanto a mim, nem sempre me tereis”.
9Muitos judeus, tendo sabido que Jesus estava em Betânia, foram para lá, não só por causa de Jesus, mas também para verem Lázaro, que Jesus ressuscitara dos mortos. 10Então, os sumos sacerdotes decidiram matar também Lázaro, 11porque, por causa dele, muitos deixavam os judeus e acreditavam em Jesus. 

Reflexão
 

Iniciamos hoje a Semana Santa. Semana na qual celebramos a centralidade da nossa fé que tiveram início na entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, ou seja, a Paixão – subida de Jesus Cristo ao Monte Calvário, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo para a nossa salvação; para nos resgatar das mãos do demônio, e nos transferir para o mundo da luz, para a liberdade dos filhos de Deus. Jesus morre na Cruz para reconciliar o homem com Deus. É a semana da nossa reconciliação com Deus. É a semana da vitória da vida sobre a morte. Do pecado sobre a graça. Quando os fiéis são batizados, aplica-se a cada um deles os efeitos redentores da Morte e Ressurreição de Cristo. Por isso, o cristão católico convicto celebra com alegria a cada função litúrgica da Semana Santa que começa hoje e termina na celebração do Tríduo Pascal e da Páscoa.

Assim recomenda a Santa Mãe Igreja que todos os seus filhos se confessem para que correndo com Cristo no pecado possam com Ele ressuscitar, na madrugado do Domingo da Páscoa para a vida eterna.
O tempo da Quaresma se prolonga até a Quinta-feira da Semana Santa. A Missa Vespertina da Ceia do Senhor é a grande introdução ao Santo Tríduo Pascoal. O Tríduo Pascual tem início na Sexta-feira da Paixão, prossegue com o Sábado de Aleluia, e chega ao ponto mais alto na Vigília Pascual terminando com as Vésperas do Domingo da Ressurreição.
No Evangelho proposto neste primeiro dia as Semana Santa é o de Jesus que volta a Betânia seis dias antes da Páscoa para manifestar o seu amor e carinho pelos amigos.
Comove ver como o Senhor tem esta amizade, tão divina e tão humana, que se manifesta num convívio freqüente. Nesta visita de Jesus à Lázaro, Maria e Marta, vejo-me também na condição de acolher e receber Jesus em minha casa e vida. Jesus me vem visitar hoje eu quero recebe-lo com o coração aberto, alegre e agradecido por merecer sua amizade e confiança, assim como sempre foi muito bem recebido por Lázaro, Marta e Maria, em qualquer dia e a qualquer hora, com alegria e afeto. Como havia grande respeito, atenção e caridade entre eles assim me comprometo fazer.
São milhares aqueles que negam hospedagem para Cristo Jesus em seus corações, mas escancara-os para o mundo e suas vaidades; esses vivem com a alma cheia de vícios: a alma, sem a presença de seu Deus e dos anjos que nela jubilavam, cobre-se com as trevas do pecado, de sentimentos vergonhosos e de completa ignomínia. Ai da alma se lhe falta Cristo, que a cultive com diligência, para que possa germinar os bons frutos do Espírito! Deserta, coberta de espinhos e de abrolhos terminará por encontrar, em vez de frutos, a queimada. Ai da alma, se seu Senhor, o Cristo, nela não habitar! Abandonada, encher-se-á com o mau cheiro das paixões, virará moradia dos vícios” diz São Macário.
Era costume da hospitalidade do Oriente honrar um hóspede ilustre com água perfumada depois de se lavar. Mas mal se sentou Jesus, Maria tomou um frasco de alabastro que continha uma libra de perfume muito caro, de nardo puro. Aproximou-se por detrás do divã onde estava recostado Jesus e ungiu os seus pés e secou-lhes com os seus cabelos: Trata-se de Maria Madalena que, pela segunda vez, unge o corpo santíssimo do nosso divino Salvador.
O nardo era um perfume raríssimo, de grande valor, que ordinariamente se encerrava em pequenos vasos de boca estreita e apertada. Quebrar este vaso e derramar o conteúdo sobre a cabeça de alguém, era, entre os antigos, sinal de grande honra e distinção.
Maria ofereceu o melhor para Cristo Jesus. Ela não ofereceu um perfume barato, e sim, o melhor e o mais caro. E tu o que tens oferecido ao teu Senhor?
Façamos também nós o mesmo; ofereçamos para Nosso Senhor aquilo que temos de melhor e precioso: o melhor cálice, a mais bela patena, o mais piedoso ostensório, os melhores paramentos, a nossa vida, tudo o que somos e temos. Pois, todo o luxo, majestade e beleza são poucos, perante a tamanha grandeza de Jesus no Mestre.
Acolhendo o mistério redentor de Cristo e sua Palavra, meditando os acontecimentos da nossa redenção, só poderemos crescer na alegria e na paz do Deus que nos ofertou sua vida. Deixemos, pois que o Espírito de Deus tome conta de nossa existência, para que sejamos conduzidos à eterna alegria da salvação e da ressurreição.
Acolhendo o Mistério Central da nossa fé desejo boa Semana Santa para ti e a toda a tua família.





CN

domingo, 29 de março de 2015

DOMINGO DE RAMOS.

                                                   


 
A liturgia deste último Domingo da Quaresma convida-nos a contemplar esse Deus que, por amor, desceu ao nosso encontro, partilhou a nossa humanidade, fez-Se servo dos homens, deixou-Se matar para que o egoísmo e o pecado fossem vencidos. A cruz (que a liturgia deste domingo coloca no horizonte próximo de Jesus) apresenta-nos a lição suprema, o último passo desse caminho de vida nova que, em Jesus, Deus nos propõe: a doação da vida por amor.
A primeira leitura apresenta-nos um profeta anônimo, chamado por Deus a testemunhar no meio das nações a Palavra da salvação. Apesar do sofrimento e da perseguição, o profeta confiou em Deus e concretizou, com teimosa fidelidade, os projetos de Deus. Os primeiros cristãos viram neste “servo” a figura de Jesus.
A segunda leitura apresenta-nos o exemplo de Cristo. Ele prescindiu do orgulho e da arrogância, para escolher a obediência ao Pai e o serviço aos homens, até ao dom da vida. É esse mesmo caminho de vida que a Palavra de Deus nos propõe.
O Evangelho convida-nos a contemplar a paixão e morte de Jesus: é o momento supremo de uma vida feita dom e serviço, a fim de libertar os homens de tudo aquilo que gera egoísmo e escravidão. Na cruz, revela-se o amor de Deus – esse amor que não guarda nada para si, mas que se faz dom total.


LEITURA I – Is 50, 4-7

Leitura do Livro de Isaías

O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo, para que eu saiba dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos.
Todas as manhãs Ele desperta os meus ouvidos, para eu escutar, como escutam os discípulos.
O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei um passo.
Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me arrancavam a barba; não desviei o meu rosto dos que me insultavam e cuspiam.
Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio, e, por isso, não fiquei envergonhado; tornei o meu rosto duro como pedra, e sei que não ficarei desiludido.

AMBIENTE

No livro do Deutero-Isaías (Is 40-55), encontramos quatro poemas que se destacam do resto do texto (cf. Is 42,1-9; 49,1-13; 50,4-11; 52,13-53,12). Apresentam-nos uma figura enigmática de um “servo de Jahwéh”, que recebeu de Deus uma missão. Essa missão tem a ver com a Palavra de Deus e tem caráter universal; concretiza-se no sofrimento, na dor e no abandono incondicional à Palavra e aos projetos de Deus. Apesar de a missão terminar num aparente insucesso, a dor do profeta não foi em vão: ela tem um valor expiatório e redentor; do seu sofrimento resulta o perdão para o pecado do Povo. Deus aprecia o sacrifício do profeta e recompensá-lo-á, elevando-o à vista de todos, fazendo-o triunfar dos seus detratores e adversários.
Quem é este profeta? É Jeremias, o paradigma do profeta que sofre por causa da Palavra? É o próprio Deutero-Isaías, chamado a dar testemunho da Palavra no ambiente hostil do Exílio? É um profeta desconhecido? É uma figura coletiva, que representa o Povo exilado, humilhado, esmagado, mas que continua a dar testemunho de Deus, no meio das outras nações? É uma figura representativa, que une a recordação de personagens históricas (patriarcas, Moisés, David, profetas) com figuras míticas, de forma a representar o Povo de Deus na sua totalidade? Não sabemos; no entanto, a figura apresentada nesses poemas vai receber uma outra iluminação à luz de Jesus Cristo, da sua vida, do seu destino.
O texto que nos é proposto é parte do terceiro cântico do “servo de Jahwéh”.

MENSAGEM

O texto dá a palavra a um personagem anônimo, que fala do seu chamamento por Deus para a missão. Ele não se intitula “profeta”; porém, narra a sua vocação com os elementos típicos dos relatos proféticos de vocação.
Em primeiro lugar, a missão que este “profeta” recebe de Deus tem claramente a ver com o anúncio da Palavra. O profeta é o homem da Palavra, através de quem Deus fala; a proposta de redenção que Deus faz a todos aqueles que necessitam de salvação/libertação ecoa na palavra profética. O profeta é inteiramente modelado por Deus e não opõe resistência nem ao chamamento, nem à Palavra que Deus lhe confia; mas tem de estar, continuamente, numa atitude de escuta de Deus, para que possa depois apresentar – com fidelidade – essa Palavra de Deus para os homens.
Em segundo lugar, a missão profética concretiza-se no sofrimento e na dor. É um tema sobejamente conhecido da literatura profética: o anúncio das propostas de Deus provoca resistências que, para o profeta, se consubstanciam, quase sempre, em dor e perseguição. No entanto, o profeta não se demite: a paixão pela Palavra sobrepõe-se ao sofrimento.
Em terceiro lugar, vem a expressão de confiança no Senhor, que não abandona aqueles a quem chama. A certeza de que não está só, mas de que tem a força de Deus, torna o profeta mais forte do que a dor, o sofrimento, a perseguição. Por isso, o profeta “não será confundido”.

ATUALIZAÇÃO

• Não sabemos, efetivamente, quem é este “servo de Jahwéh”; no entanto, os primeiros cristãos vão utilizar este texto como grelha para interpretar o mistério de Jesus: ele é a Palavra de Deus feita carne, que oferece a sua vida para trazer a salvação/libertação aos homens… A vida de Jesus realiza plenamente esse destino de dom e de entrega da vida em favor de todos; e a sua glorificação mostra que uma vida vivida deste jeito não termina no fracasso, mas na ressurreição que gera vida nova.

• Jesus, o “servo” sofredor que faz da sua vida um dom por amor, mostra aos seus seguidores o caminho: a vida, quando é posta ao serviço da libertação dos pobres e dos oprimidos, não é perdida mesmo que pareça, em termos humanos, fracassada e sem sentido. Temos a coragem de fazer da nossa vida uma entrega radical ao projecto de Deus e à libertação dos nossos irmãos? O que é que ainda entrava a nossa aceitação de uma opção deste tipo? Temos consciência de que, ao escolher este caminho, estamos a gerar vida nova, para nós e para os nossos irmãos?

• Temos consciência de que a nossa missão profética passa por sermos Palavra viva de Deus? Nas nossas palavras, nos nossos gestos, no nosso testemunho, a proposta libertadora de Deus alcança o mundo e o coração dos homens?


SALMO RESPONSORIAL – Salmo 21 (22)

Refrão: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?

Todos os que me vêem escarnecem de mim, estendem os meus lábios e meneiam a cabeça:
«Confiou no Senhor, Ele que o livre, Ele que o salve, se é meu amigo».

Matilhas de cães me rodearam, cercou-me um bando de malfeitores.
Trespassaram as minhas mãos e os meus pés, posso contar todos os meus ossos.

Repartiram entre si as minhas vestes e deitaram sortes sobre a minha túnica.
Mas Vós, Senhor, não Vos afasteis de mim, sois a minha força, apressai-Vos a socorrer-me.

Hei-de falar do vosso nome aos meus irmãos, hei-de louvar-Vos no meio da assembleia.
Vós, que temeis o Senhor, louvai-O, glorificai-O, vós todos os filhos de Jacob, reverenciai-O, vós todos os filhos de Israel.


LEITURA II – Filip 2, 6-11

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses

Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio.
Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens.
Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz.
Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.

AMBIENTE

A cidade de Filipos era uma cidade próspera, com uma população constituída maioritariamente por veteranos romanos do exército. Organizada à maneira de Roma, estava fora da jurisdição dos governantes das províncias locais e dependia diretamente do imperador; gozava, por isso, dos mesmos privilégios das cidades de Itália. A comunidade cristã, fundada por Paulo, era uma comunidade entusiasta, generosa, comprometida, sempre atenta às necessidades de Paulo e do resto da Igreja (como no caso da coleta em favor da Igreja de Jerusalém – cf. 2 Cor 8,1-5), por quem Paulo nutria um afeto especial. Apesar destes sinais positivos, não era, no entanto, uma comunidade perfeita… O desprendimento, a humildade, a simplicidade, não eram valores demasiado apreciados entre os altivos patrícios que compunham a comunidade.
É neste enquadramento que podemos situar o texto que esta leitura nos apresenta. Paulo convida os filipenses a encarnar os valores que marcaram a trajetória existencial de Cristo; para isso, utiliza um hino pré-paulino, recitado nas celebrações litúrgicas cristãs: nesse hino, ele expõe aos cristãos de Filipos o exemplo de Cristo.

MENSAGEM

Cristo Jesus – nomeado no princípio, no meio e no fim – constitui o motivo do hino. Dado que os Filipenses são cristãos – quer dizer, dado que Cristo é o protótipo a cuja imagem estão configurados – têm a iniludível obrigação de comportar-se como Cristo. Como é o exemplo de Cristo?
O hino começa por aludir subtilmente ao contraste entre Adão (o homem que reivindicou ser como Deus e lhe desobedeceu – cf. Gn 3,5.22) e Cristo (o Homem Novo que, ao orgulho e revolta de Adão, responde com a humildade e a obediência ao Pai). A atitude de Adão trouxe fracasso e morte; a atitude de Jesus trouxe exaltação e vida.
Em traços precisos, o hino define o “despojamento” (“kenosis”) de Cristo: Ele não afirmou com arrogância e orgulho a sua condição divina, mas aceitou fazer-Se homem, assumindo com humildade a condição humana, para servir, para dar a vida, para revelar totalmente aos homens o ser e o amor do Pai. Não deixou de ser Deus; mas aceitou descer até aos homens, fazer-Se servidor dos homens, para garantir vida nova para os homens. Esse “abaixamento” assumiu mesmo foros de escândalo: Jesus aceitou uma morte infamante – a morte de cruz – para nos ensinar a suprema lição do serviço, do amor radical, da entrega total da vida.
No entanto, essa entrega completa ao plano do Pai não foi uma perda nem um fracasso: a obediência e entrega de Cristo aos projetos do Pai resultaram em ressurreição e glória. Em consequência da sua obediência, do seu amor, da sua entrega, Deus fez d’Ele o “Kyrios” (“Senhor” – nome que, no Antigo Testamento, substituía o nome impronunciável de Deus); e a humanidade inteira (“os céus, a terra e os infernos”) reconhece Jesus como “o Senhor” que reina sobre toda a terra e que preside à história.
É óbvio o apelo à humildade, ao desprendimento, ao dom da vida, que Paulo aqui faz aos Filipenses e a todos os crentes: o cristão deve ter como exemplo esse Cristo, servo sofredor e humilde, que fez da sua vida um dom a todos. Esse caminho não levará ao aniquilamento, mas à glória, à vida plena.

ATUALIZAÇÃO

• Os valores que marcaram a existência de Cristo continuam a não ser demasiado apreciados no séc. XXI. De acordo com os critérios que presidem à construção do nosso mundo, os grandes “ganhadores” não são os que põem a sua vida ao serviço dos outros, com humildade e simplicidade, mas são os que enfrentam o mundo com agressividade, com auto-suficiência e fazem por ser os melhores, mesmo que isso signifique não olhar a meios para passar à frente dos outros. Como pode um cristão (obrigado a viver inserido neste mundo e a ser competitivo) conviver com estes valores?

• Paulo tem consciência de que está a pedir aos seus cristãos algo realmente difícil; mas é algo que é fundamental, à luz do exemplo de Cristo. Também a nós é pedido, nestes últimos dias antes da Páscoa, um passo em frente neste difícil caminho da humildade, do serviço, do amor: será possível que, também aqui, sejamos as testemunhas da lógica de Deus?

• Os acontecimentos que, nesta semana, vamos celebrar garantem-nos que o caminho do dom da vida não é um caminho de “perdedores” e fracassados: o caminho do dom da vida conduz ao sepulcro vazio da manhã de Páscoa, à ressurreição. É um caminho que garante a vitória e a vida plena.


ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO – Filip 2, 8-9

(escolher um dos 7 refrães)

1. Louvor e glória a Vós, Jesus Cristo, Senhor.
2. Glória a Vós, Jesus Cristo, Sabedoria do Pai.
3. Glória a Vós, Jesus Cristo, Palavra do Pai.
4. Glória a Vós, Senhor, Filho do Deus vivo.
5. Louvor a Vós, Jesus Cristo, Rei da eterna glória.
6. Grandes e admiráveis são as vossas obras, Senhor.
7. A salvação, a glória e o poder a Jesus Cristo, Nosso Senhor.
Cristo obedeceu até à morte e morte de cruz.
Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes.

 

 
EVANGELHO – Mc 14, 1 - 15,47

N Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

N Faltavam dois dias para a festa da Páscoa e dos Ázimos e os príncipes dos sacerdotes e os escribas procuravam maneira de se apoderarem de Jesus à traição para Lhe darem a morte.
Mas diziam:
R «Durante a festa, não, para que não haja algum tumulto entre o povo».
N Jesus encontrava-Se em Betânia, em casa de Simão o Leproso, e, estando à mesa, veio uma mulher que trazia um vaso de alabastro com perfume de nardo puro de alto preço.
Partiu o vaso de alabastro e derramou-o sobre a cabeça de Jesus.
Alguns indignaram-se e diziam entre si:
R «Para que foi esse desperdício de perfume?
Podia vender-se por mais de duzentos denários e dar o dinheiro aos pobres».
N E censuravam a mulher com aspereza.
Mas Jesus disse:
J «Deixai-a. Porque estais a importuná-la?
Ela fez uma boa acção para comigo.
Na verdade, sempre tereis os pobres convosco e, quando quiserdes, podereis fazer-lhes bem; Mas a Mim, nem sempre Me tereis.
Ela fez o que estava ao seu alcance:
ungiu de antemão o meu corpo para a sepultura.
Em verdade vos digo:
Onde quer que se proclamar o Evangelho, pelo mundo inteiro, dir-se-á também em sua memória, o que ela fez».
N Então, Judas Iscariotes, um dos Doze, foi ter com os príncipes dos sacerdotes para lhes entregar Jesus.
Quando o ouviram, alegraram-se e prometeram dar-lhe dinheiro.
E ele procurava uma oportunidade para entregar Jesus.

N No primeiro dia dos Ázimos, em que se imolava o cordeiro pascal, os discípulos perguntaram a Jesus:
R «Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?»
N Jesus enviou dois discípulos e disse-lhes:
J «Ide à cidade.
Virá ao vosso encontro um homem com uma bilha de água.
Segui-o e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa: ‘O Mestre pergunta: Onde está a sala, em que hei-de comer a Páscoa com os meus discípulos?’
Ele vos mostrará uma grande sala no andar superior, alcatifada e pronta.
Preparai-nos lá o que é preciso».
N Os discípulos partiram e foram à cidade.
Encontraram tudo como Jesus lhes tinha dito
e prepararam a Páscoa.
Ao cair da tarde, chegou Jesus com os Doze.
Enquanto estavam à mesa e comiam, Jesus disse:
J «Em verdade vos digo:
Um de vós, que está comigo à mesa, há-de entregar-Me».
N Eles começaram a entristecer-se e a dizer um após outro:
R «Serei eu?»
N Jesus respondeu-lhes:
J «É um dos Doze, que mete comigo a mão no prato.
O Filho do homem vai partir, como está escrito a seu respeito, mas ai daquele por quem o Filho do homem vai ser traído!
Teria sido melhor para esse homem não ter nascido».
N Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, recitou a bênção e partiu-o, deu-o aos discípulos e disse:
J «Tomai: isto é o meu Corpo».
N Depois tomou um cálice, deu graças e entregou-lho.
E todos beberam dele.
Disse Jesus:
J «Este é o meu Sangue, o Sangue da nova aliança, derramado pela multidão dos homens.
Em verdade vos digo:
Não voltarei a beber do fruto da videira, até ao dia em que beberei do vinho novo no reino de Deus».
N Cantaram os salmos e saíram para o Monte das Oliveiras.

N Disse-lhes Jesus:
J «Todos vós Me abandonareis, como está escrito:
‘Ferirei o pastor e dispersar-se-ão as ovelhas’.
Mas depois de ressuscitar,
irei à vossa frente para a Galileia».
N Disse-Lhe Pedro:
R «Embora todos te abandonem, eu não».
N Jesus respondeu-lhe:
J «Em verdade te digo:
Hoje, esta mesma noite, antes do galo cantar duas vezes, três vezes Me negarás».
N Mas Pedro continuava a insistir:
R «Ainda que tenha de morrer contigo, não Te negarei».
N E todos afirmaram o mesmo.
Entretanto, chegaram a uma propriedade chamada Getsémani
e Jesus disse aos seus discípulos:
J «Ficai aqui, enquanto Eu vou orar».
N Tomou consigo Pedro, Tiago e João e começou a sentir pavor e angústia.
Disse-lhes então:
J «A minha alma está numa tristeza de morte.
Ficai aqui e vigiai».
N Adiantando-Se um pouco, caiu por terra
e orou para que, se fosse possível, se afastasse d’Ele aquela hora.
Jesus dizia:
J «Abba, Pai, tudo Te é possível:
afasta de Mim este cálice.
Contudo, não se faça o que Eu quero, mas o que Tu queres».
N Depois, foi ter com os discípulos, encontrando-os dormindo
e disse a Pedro:
J «Simão, estás a dormir? Não pudeste vigiar uma hora?
Vigiai e orai, para não entrardes em tentação.
O espírito está pronto, mas a carne é fraca».
N Afastou-Se de novo e orou, dizendo as mesmas palavras.
Voltou novamente e encontrou-os dormindo, porque tinham os olhos pesados e não sabiam que responder.
Jesus voltou pela terceira vez e disse-lhes:
J «Dormi agora e descansai...
Chegou a hora:
o Filho do homem vai ser entregue às mãos dos pecadores.
Levantai-vos. Vamos.
Já se aproxima aquele que Me vai entregar».
N Ainda Jesus estava a falar, quando apareceu Judas, um dos Doze, e com ele uma grande multidão, com espadas e varapaus, enviada pelos príncipes dos sacerdotes, pelos escribas e os anciãos.
O traidor tinha-lhes dado este sinal:
«Aquele que eu beijar, é esse mesmo.
Prendei-O e levai-O bem seguro».
Logo que chegou, aproximou-se de Jesus e beijou-O, dizendo:
R «Mestre».
N Então deitaram-Lhe as mãos e prenderam-n’O.
Um dos presentes puxou da espada
e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha.
Jesus tomou a palavra e disse-lhes:
J «Vós saístes com espadas e varapaus para Me prender, como se fosse um salteador.
Todos os dias Eu estava no meio de vós, a ensinar no templo,
e não Me prendestes!
Mas é para se cumprirem as Escrituras».
N Então os discípulos deixaram-n’O e fugiram todos.
Seguiu-O um jovem, envolto apenas num lençol.
Agarraram-no, mas ele, largando o lençol, fugiu nu.

N Levaram então Jesus à presença do sumo sacerdote, onde se reuniram todos os príncipes dos sacerdotes, os anciãos e os escribas.
Pedro, que O seguira de longe, até ao interior do palácio do sumo sacerdote, estava sentado com os guardas, a aquecer-se ao lume.
Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam um testemunho contra Jesus para Lhe dar a morte, mas não o encontravam.
Muitos testemunhavam falsamente contra Ele, mas os seus depoimentos não eram concordes.
Levantaram-se então alguns, para proferir contra Ele este falso testemunho:
R «Ouvimo-l’O dizer:
‘Destruirei este templo feito pelos homens e em três dias construirei outro que não será feito pelos homens’».
N Mas nem assim o depoimento deles era concorde.
Então o sumo sacerdote levantou-se no meio de todos e perguntou a Jesus:
R «Não respondes nada ao que eles depõem contra Ti?»
N Mas Jesus continuava calado e nada respondeu.
O sumo sacerdote voltou a interrogá-l’O: R «És Tu o Messias, Filho do Deus Bendito?»
N Jesus respondeu: J «Eu Sou. E vós vereis o Filho do homem sentado à direita do Todo-poderoso vir sobre as nuvens do céu».
N O sumo sacerdote rasgou as vestes e disse:
R «Que necessidade temos ainda de testemunhas?
Ouvistes a blasfémia. Que vos parece?»
N Todos sentenciaram que Jesus era réu de morte.
Depois, alguns começaram a cuspir-Lhe, a tapar-Lhe o rosto com um véu e a dar-Lhe punhadas, dizendo: R «Adivinha».
N E os guardas davam-Lhe bofetadas.

N Pedro estava em baixo, no pátio, quando chegou uma das criadas do sumo sacerdote.
Ao vê-lo a aquecer-se, olhou-o de frente e disse-lhe: R «Tu também estavas com Jesus, o Nazareno».
N Mas ele negou: R «Não sei nem entendo o que dizes».
N Depois saiu para o vestíbulo e o galo cantou.
A criada, vendo-o de novo, começou a dizer aos presentes: R «Este é um deles».
N Mas ele negou segunda vez.
Pouco depois, os presentes diziam também a Pedro: R «Na verdade, tu és deles, pois também és galileu».
N Mas ele começou a dizer imprecações e a jurar: R «Não conheço esse homem de quem falais».
N E logo o galo cantou pela segunda vez.
Então Pedro lembrou-se do que Jesus lhe tinha dito: «Antes do galo cantar duas vezes, três vezes Me negarás».
E desatou a chorar.

N Logo de manhã, os príncipes dos sacerdotes reuniram-se em conselho, com os anciãos e os escribas e todo o Sinédrio.
Depois de terem manietado Jesus, foram entregá-l’O a Pilatos.
Pilatos perguntou-Lhe: R «Tu és o Rei dos judeus?»
N Jesus respondeu: J «É como dizes».
N E os príncipes dos sacerdotes faziam muitas acusações contra Ele.
Pilatos interrogou-O de novo: R «Não respondes nada? Vê de quantas coisas Te acusam».
N Mas Jesus nada respondeu, de modo que Pilatos estava admirado.

N Pela festa da Páscoa, Pilatos costumava soltar-lhes um preso à sua escolha.
Havia um, chamado Barrabás, preso com os insurretos, que numa revolta tinham cometido um assassínio.
A multidão, subindo, começou a pedir o que era costume conceder-lhes.
Pilatos respondeu: R «Quereis que vos solte o Rei dos judeus?»
N Ele sabia que os príncipes dos sacerdotes O tinham entregado por inveja.
Entretanto, os príncipes dos sacerdotes incitaram a multidão a pedir que lhes soltasse antes Barrabás.
Pilatos, tomando de novo a palavra, perguntou-lhes: R «Então, que hei-de fazer d’Aquele que chamais o Rei dos judeus?»
N Eles gritaram de novo: R «Crucifica-O!».
N Pilatos insistiu: R «Que mal fez Ele?»
N Mas eles gritaram ainda mais: R «Crucifica-O!».
N Então Pilatos, querendo contentar a multidão, soltou-lhes Barrabás e, depois de ter mandado açoitar Jesus, entregou-O para ser crucificado.
Os soldados levaram-n’O para dentro do palácio, que era o pretório,
e convocaram toda a coorte.
Revestiram-n’O com um mando de púrpura e puseram-Lhe na cabeça uma coroa de espinhos que haviam tecido.
Depois começaram a saudá-l’O: R «Salvé, Rei dos judeus!»
N Batiam-lhe na cabeça com uma cana, cuspiam-Lhe e, dobrando os joelhos, prostravam-se diante d’Ele.
Depois de O terem escarnecido, tiraram-Lhe o manto de púrpura
e vestiram-Lhe as suas roupas.
Em seguida levaram-n’O dali para O crucificarem.

N Requisitaram, para Lhe levar a cruz, um homem que passava, vindo do campo, Simão de Cirene, pai de Alexandre e Rufo.
E levaram Jesus ao lugar do Gólgota, quer dizer, lugar do Calvário.
Queriam dar-Lhe vinho misturado com mirra, mas Ele não o quis beber.
Depois crucificaram-n’O.
E repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte, para verem o que levaria cada um.
Eram nove horas da manhã quando O crucificaram.
O letreiro que indicava a causa da condenação tinha escrito: «Rei dos Judeus».
Crucificaram com Ele dois salteadores, um à direita e outro à esquerda.
Os que passavam insultavam-n’O e abanavam a cabeça, dizendo: R «Tu que destruías o templo e o reedificavas em três dias, salva-Te a Ti mesmo e desce da cruz».
N Os príncipes dos sacerdotes e os escribas troçavam uns com os outros, dizendo: R «Salvou os outros e não pode salvar-se a Si mesmo!
Esse Messias, o Rei de Israel, desça agora da cruz, para nós vermos e acreditarmos».
N Até os que estavam crucificados com ele o injuriavam.
Quando chegou o meio-dia, as trevas envolveram toda a terra até às três horas da tarde.
E às três horas da tarde, Jesus clamou com voz forte: J «Eloí, Eloí, lamá sabachtháni?»
N que quer dizer: «Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?»
N Alguns dos presentes, ouvindo isto, disseram: R «Está a chamar por Elias».
N Alguém correu a embeber uma esponja em vinagre e, pondo-a na ponta duma cana, deu-Lhe a beber e disse: R «Deixa ver se Elias vem tirá-l’O dali».
N Então Jesus, soltando um grande brado, expirou.

N O véu do templo rasgou-se em duas partes de alto a baixo.
O centurião que estava em frente de Jesus, ao vê-l’O expirar daquela maneira, exclamou: R «Na verdade, este homem era Filho de Deus».
N Estavam também ali umas mulheres a observar de longe, entre elas Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e Salomé, que acompanhavam e serviam Jesus, quando estava na Galileia, e muitas outras que tinham subido com ele a Jerusalém.
Ao cair da tarde – visto ser a Preparação, isto é, a véspera do sábado – José de Arimateia, ilustre membro do Sinédrio, que também esperava o reino de Deus, foi corajosamente à presença de Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus.
Pilatos ficou admirado de Ele já estar morto e, mandando chamar o centurião, ordenou que o corpo fosse entregue e José.
José comprou um lençol, desceu o corpo de Jesus e envolveu-O no lençol; depois depositou-O num sepulcro escavado na rocha e rolou uma pedra para a entrada do sepulcro.
Entretanto, Maria Madalena e Maria, mãe de José,observavam onde Jesus tinha sido depositado.

AMBIENTE

Marcos procura, no seu Evangelho, apresentar a figura de Jesus de acordo com duas grandes coordenadas. Uma, desenvolvida na primeira parte do Evangelho, apresenta Jesus como o Messias, enviado por Deus aos homens para lhes propor o Reino (cf. Mc 1,14-8,30); outra, tratada na segunda parte do Evangelho, apresenta Jesus como o Filho de Deus, que para cumprir a missão que o Pai lhe confiou tem de passar pela morte, mas a quem Deus ressuscitará (cf. Mc 8,31-16,8).
A leitura que hoje nos é proposta é o relato da paixão de Jesus. O relato, inegavelmente fundamentado em acontecimentos concretos, não é uma simples reportagem jornalística da condenação à morte de um inocente; mas é, sobretudo, uma catequese destinada a apresentar Jesus como o Filho de Deus que aceita cumprir o projecto do Pai, mesmo quando esse projeto passa por um destino de cruz. Marcos pretende que os crentes a quem a catequese se destina concluam, como o centurião romano que testemunha a paixão e morte de Jesus: “na verdade, este homem era Filho de Deus” (Mc 15,39). Fica assim demonstrada a tese que Marcos, desde o início do Evangelho (cf. Mc 1,1), se propôs apresentar: Jesus, o Messias, é o Filho de Deus.
Betânia, o cenáculo, o Getsemani, o palácio do sumo-sacerdote, o pretório romano, o Gólgota e o túmulo são os cenários onde se desenrola a ação e onde vai sendo demonstrada a filiação divina de Jesus.

MENSAGEM

A morte de Jesus tem de ser entendida no contexto daquilo que foi a sua vida. Desde cedo, Jesus apercebeu-Se de que o Pai O chamava a uma missão: anunciar esse mundo novo, de justiça, de paz e de amor para todos os homens. Para concretizar este projeto, Jesus passou pelos caminhos da Palestina “fazendo o bem” e anunciando a proximidade de um mundo novo, de vida, de liberdade, de paz e de amor para todos. Ensinou que Deus era amor e que não excluía ninguém, nem mesmo os pecadores; ensinou que os leprosos, os paralíticos, os cegos não deviam ser marginalizados, pois não eram amaldiçoados por Deus; ensinou que eram os pobres e os excluídos os preferidos de Deus e aqueles que tinham um coração mais disponível para acolher o “Reino”; e avisou os “ricos” (os poderosos, os instalados) de que o egoísmo, o orgulho, a auto-suficiência, o fechamento só podiam conduzir à morte.
O projeto libertador de Jesus entrou em choque – como era inevitável – com a atmosfera de egoísmo, de má vontade, de opressão que dominava o mundo. As autoridades políticas e religiosas sentiram-se incomodadas com a denúncia de Jesus: não estavam dispostas a renunciar a esses mecanismos que lhes asseguravam poder, influência, domínio, privilégios; não estavam dispostas a arriscar, a desinstalar-se e a aceitar a conversão proposta por Jesus. Por isso, prenderam Jesus, julgaram-n’O, condenaram-n’O e pregaram-n’O numa cruz.
A morte de Jesus é a consequência lógica do anúncio do “Reino”: resultou das tensões e resistências que a proposta do “Reino” provocou entre os que dominavam o mundo.
Podemos, também, dizer que a morte de Jesus é o culminar da sua vida; é a afirmação última, porém mais radical e mais verdadeira (porque marcada com sangue), daquilo que Jesus pregou com palavras e com gestos: o amor, o dom total, o serviço.
Na cruz, vemos aparecer o Homem Novo, o protótipo do homem que ama radicalmente e que faz da sua vida um dom para todos. Porque ama, este Homem Novo vai assumir como missão a luta contra o pecado – isto é, contra todas as causas objetivas que geram medo, injustiça, sofrimento, exploração e morte. Assim, a cruz mantém o dinamismo de um mundo novo – o dinamismo do “Reino”.
No relato da Paixão na versão de Marcos, não difere substancialmente das versões de Mateus e de Lucas; no entanto, há algumas coordenadas que Marcos sublinha especialmente. De entre elas, destacamos:

1. Ao longo de todo o processo, Jesus manifesta uma grande serenidade, uma grande dignidade e uma total conformação com aquilo que se está a passar. Não se trata de passividade ou de inconsciência, mas de aceitação serena de um caminho que Ele sabe que passa pela cruz. Marcos sugere, desta forma, que Jesus está perfeitamente conformado com o projeto do Pai e que a sua vontade é cumprir fiel e integralmente o plano de Deus, sem objecções ou resistências de qualquer espécie. Esta “dignidade” de Jesus diante do processo que as autoridades religiosas e políticas lhe movem é atestada em várias cenas:
 Mateus e Lucas põem Jesus a interpelar diretamente Judas, quando este o entrega no monte das Oliveiras (cf. Mt 26,50; Lc 22,48); mas na narração de Marcos, Jesus mantém-se silencioso e cheio de dignidade diante da traição do discípulo (cf. Mc 14,45-46), sem observações ou recriminações.
 Mateus põe Jesus a desautorizar Pedro quando este fere um servo do sumo-sacerdote cortando-lhe uma orelha (cf. Mt 26,52) e, na narração de Lucas, Jesus pede aos discípulos que deixem actuar os seus sequestradores (cf. Lc 22,51); mas Marcos não apresenta, no mesmo episódio, qualquer reacção de Jesus (cf. Mc 14,47). Marcos apenas acrescenta que a prisão de Jesus acontece para que se cumpram as Escrituras (cf. Mc 14,49).
 No tribunal judaico, quando interrogado pelo sumo-sacerdote acerca das acusações que lhe eram feitas, Jesus manteve um silêncio solene e digno (cf. Mc 14,61a), recusando defender-Se das acusações dos seus detratores.

2. Uma das teses fundamentais do Evangelho de Marcos é que Jesus é o Filho de Deus (cf. Mc 1,1). Esta ideia também está bem presente, bem sublinhada, bem desenvolvida, no relato da Paixão:
 No jardim das Oliveiras, pouco antes de ser preso, Jesus dirige-Se a Deus (cf. Mc 14,36) e chama-Lhe “Abba” (“paizinho”, “papá”). Esta apalavra não era usada nas orações hebraicas como invocação de Deus; mas era usada na intimidade familiar e expressava a grande proximidade entre um filho e o seu pai. Para a psicologia judaica, teria sido um sinal de irreverência usar uma palavra tão familiar para se dirigir a Deus. O facto de Jesus usar esta palavra, revela a comunhão que havia entre Jesus e o Pai e revela uma relação marcada pela simplicidade, pela intimidade, pela total confiança.
 Apesar do silêncio digno de Jesus durante o interrogatório no palácio do sumo-sacerdote, há um momento em que Jesus não hesita em esclarecer as coisas e em deixar clara a sua divindade. Quando o sumo-sacerdote Lhe perguntou diretamente se Ele era “o Messias, o Filho de Deus bendito” (Mc 14,61b), Jesus respondeu, sem subterfúgios: “Eu sou. E vereis o Filho do Homem sentado à direita do Todo-poderoso e vir sobre as nuvens do céu” (Mc 14,62). A expressão “eu sou” (“egô eimi”) leva-nos ao nome de Deus no Antigo Testamento (“eu sou aquele que sou” - Ex 3,14)… É, na perspectiva do nosso evangelista, a afirmação inequívoca da dignidade divina de Jesus. A referência ao “sentar-se à direita do Todo-poderoso” e ao “vir sobre as nuvens” sublinha, também, a dignidade divina de Jesus, que um dia aparecerá no lugar de Deus, como juiz soberano da humanidade inteira. O sumo-sacerdote percebe perfeitamente o alcance da afirmação de Jesus (Ele está a arrogar-Se a condição de Filho de Deus e a prerrogativa divina por excelência – a de juiz universal); por isso, manifesta a sua indignação rasgando as vestes e condenando Jesus como blasfemo.
 Marcos põe um centurião romano a dizer, junto da cruz de Jesus: “na verdade, este homem era Filho de Deus” (Mc 15,39). Mais do que uma afirmação histórica, esta frase deve ser vista como uma “profissão de fé” que Marcos convida todos os crentes a fazer… Depois de tudo o que foi testemunhado ao longo do Evangelho, em geral, e no relato da paixão, em particular, a conclusão é óbvia: Jesus é mesmo o Filho de Deus que veio ao encontro dos homens para lhes apresentar uma proposta de salvação.

3. Apesar de Filho de Deus, o Jesus de Marcos é também homem e partilha da debilidade e da fragilidade da natureza humana:
 No jardim das Oliveiras, pouco antes de ser preso, o Jesus de Marcos sentiu “pavor” e “angústia” (cf. Mc 14,33), como acontece com qualquer homem diante da morte violenta (Mateus é ligeiramente mais moderado e fala da “tristeza” e da “angústia” de Jesus – cf. Mt 26,37; e Lucas evita fazer qualquer referência a estes sentimentos que, sublinhando a dimensão humana de Jesus, podiam lançar dúvidas sobre a sua divindade).
 No momento da morte, Jesus reza: “meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste” (Mc 15,34). A “oração” de Jesus é a “oração” de um homem que, como qualquer outro ser humano, experimenta a solidão, o abandono, o sentimento de impotência, a sensação de falhanço… e do fundo do seu drama, não compreende a ausência e a indiferença de Deus.
Não há dúvida: o Jesus apresentado por Marcos é, também, o homem/Jesus que Se solidariza com os homens, que os acompanha nos seus sofrimentos, que experimenta os seus dramas, fragilidades e debilidades.

4. Em todos os relatos da paixão, Jesus aparece a enfrentar sozinho (abandonado pelas multidões e pelos próprios discípulos) o seu destino de morte; mas Marcos sublinha especialmente a solidão de Jesus, nesses momentos dramáticos:
 Lucas põe um anjo a confortar Jesus, no jardim das Oliveiras (cf. Lc 22,43); Marcos não faz qualquer referência a esse momento de “consolação.
 Mateus conta que a mulher de Pilatos intercedeu por Jesus, pedindo ao marido que não se intrometesse “no caso desse justo” (cf. Mt 27,19); Marcos não refere nenhuma interferência deste tipo no processo de Jesus.
 João, além de Pedro, refere a presença de um “outro discípulo conhecido do sumo-sacerdote” no palácio de Anás (Jo 18,15); Marcos, para além de Pedro (que negou Jesus três vezes), nunca refere a presença de qualquer outro dos discípulos.
 Lucas fala na presença de mulheres, ao longo do caminho do calvário, que “batiam no peito e se lamentavam por Ele” (Lc 23,27-31); Marcos também não conhece ninguém que se lamentasse durante o caminho percorrido por Jesus em direcção ao lugar da execução (só após a morte de Jesus, Marcos observa que algumas mulheres que O seguiam e serviam quando estava na Galileia estavam ali a “contemplar de longe” – Mc 15,40-41).
Abandonado pelos discípulos, escarnecido pela multidão, condenado pelos líderes, torturado pelos soldados, Jesus percorre na solidão, no abandono, na indiferença de todos, o seu caminho de morte. O grito final de Jesus na cruz (“meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste” – Mc 15,34) pode ser o início do Salmo 22 (cf. Sal 22,2); mas é, também, expressão dramática dessa solidão que Jesus sente à sua volta.

5. Só Marcos relata o episódio do jovem não identificado que seguia Jesus envolto apenas num lençol e que fugiu nu quando os guardas o tentaram agarrar (cf. Mc 14,51-52). Para alguns comentadores do Evangelho segundo Marcos, o jovem em causa poderia ser o próprio evangelista… Trata-se, no entanto, de uma simples conjectura.
É mais provável que o episódio tenha sido introduzido por Marcos para representar plasticamente a atitude dos discípulos que, desiludidos e amedrontados diante do fracasso do projeto em que acreditaram, largaram tudo quando viram o seu líder ser preso e fugiram sem olhar para trás.

ATUALIZAÇÃO

• Celebrar a paixão e a morte de Jesus é abismar-se na contemplação de um Deus a quem o amor tornou frágil… Por amor, Ele veio ao nosso encontro, assumiu os nossos limites e fragilidades, experimentou a fome, o sono, o cansaço, conheceu a mordedura das tentações, experimentou a angústia e o pavor diante da morte; e, estendido no chão, esmagado contra a terra, atraiçoado, abandonado, incompreendido, continuou a amar. Desse amor resultou vida plena, que Ele quis repartir conosco “até ao fim dos tempos”: esta é a mais espantosa história de amor que é possível contar; ela é a boa notícia que enche de alegria o coração dos crentes.

• Contemplar a cruz onde se manifesta o amor e a entrega de Jesus significa assumir a mesma atitude que Ele assumiu e solidarizar-Se com aqueles que são crucificados neste mundo: os que sofrem violência, os que são explorados, os que são excluídos, os que são privados de direitos e de dignidade… Olhar a cruz de Jesus significa denunciar tudo o que gera ódio, divisão, medo, em termos de estruturas, valores, práticas, ideologias; significa evitar que os homens continuem a crucificar outros homens; significa aprender com Jesus a entregar a vida por amor… Viver deste jeito pode conduzir à morte; mas o cristão sabe que amar como Jesus é viver a partir de uma dinâmica que a morte não pode vencer: o amor gera vida nova e introduz na nossa carne os dinamismos da ressurreição.

• Um dos elementos mais destacados no relato marciano da paixão é a forma como Jesus Se comporta ao longo de todo o processo que conduz à sua morte… Ele nunca Se descontrola, nunca recua, nunca resiste, mas mantêm-Se sempre sereno e digno, enfrentando o seu destino de cruz. Tal não significa que Jesus seja um herói inconsciente a quem o sofrimento e a morte não assustam, ou que Ele Se coloque na pele de um fraco que desistiu de lutar e que aceita passivamente aquilo que os outros Lhe impõem… A atitude de Jesus é a atitude de quem sabe que o Pai Lhe confiou uma missão e está decidido a cumprir essa missão, custe o que custar. Temos a mesma disponibilidade de Jesus para escutar os desafios de Deus e a mesma determinação de Jesus em concretizar esses desafios no mundo?

• A “angústia” e o “pavor” de Jesus diante da morte, o seu lamento pela solidão e pelo abandono, tornam-n’O muito “humano”, muito próximo das nossas debilidades e fragilidades. Dessa forma, é mais fácil identificarmo-nos com Ele, confiar n’Ele, segui-l’O no seu caminho do amor e da entrega. A humanidade de Jesus mostra-nos, também, que o caminho da obediência ao Pai não é um caminho impossível, reservado a super-heróis ou a deuses, mas é um caminho de homens frágeis, chamados por Deus a percorrerem, com esforço, o caminho que conduz à vida definitiva.

• A solidão de Jesus diante do sofrimento e da morte anuncia já a solidão do discípulo que percorre o caminho da cruz. Quando o discípulo procura cumprir o projeto de Deus, recusa os valores do mundo, enfrenta as forças da opressão e da morte, recebe a indiferença e o desprezo do mundo e tem de percorrer o seu caminho na mais dramática solidão. O discípulo tem de saber, no entanto, que o caminho da cruz, apesar de difícil, doloroso e solitário, não é um caminho de fracasso e de morte, mas é um caminho de libertação e de vida plena.

• A figura do jovem que, no jardim das Oliveiras, deixou o lençol que o cobria nas mãos dos soldados e fugiu pode ser figura do discípulo que, amedrontado e desiludido, abandonou Jesus. Já alguma vez virámos as costas a Jesus e ao seu projecto, seduzidos por outras propostas? O que é que nos impede, por vezes, de nos mantermos fiéis ao projecto de Jesus?






Dehonianos

sábado, 28 de março de 2015

ENCONTRANDO VIDA NA MORTE: A HISTÓRIA DE NATHAN.

Vítima de um aborto espontâneo com apenas 13 semanas e 4 dias, o pequeno Nathan recebeu de sua família todas as honras de um funeral.

De acordo com a legislação do Texas, Nathan Isaiah ainda não tinha idade ou peso suficientes para precisar de uma certidão de óbito. Vítima de um aborto espontâneo com apenas 13 semanas e 4 dias, mesmo assim, este pequeno ser recebeu, de sua família, todas as honras de um funeral.
Foi usando um aparelho para ouvir as batidas do coração do bebê que Allison e Daniel – ambos de 28 anos – perceberam haver algo de errado com seu filho. Diferentemente das outras vezes, Nathan estava estranhamente silencioso. Após dois dias procurando por suas batidas cardíacas, sem sucesso, o casal correu imediatamente para uma Unidade de Emergência. "Eu não podia esperar mais para descobrir o que estava acontecendo com meu bebê", diz Allison.
Horas depois, no hospital, os pais recebem a terrível notícia. "O médico finalmente apareceu e disse a mim e ao Daniel que nosso bebê não estava se mexendo e não tinha batidas", relata a mãe. "Ele disse que, embora eu devesse estar com 15 semanas, o bebê estava medindo tanto quanto media com 13 semanas e 4 dias". Naquele momento, confessa Allison, "eu senti como se o meu coração parasse de bater com o do meu bebê".
Em casa, após o choque, Allison foi amparada não só por sua família, mas por sua fé. "Eu sei que o Senhor me deu uma paz além do meu entendimento naquela hora. Sentia como que uma calma e uma tranquilidade diante do Senhor", conta. "Não sabia o que esperar, nem o que devia fazer naquela situação. Tudo o que sabia era que eu não queria soltar a mão de Deus. Eu sabia que Ele estava bem ali comigo. Sabia que Ele estava chorando comigo, que eu podia confiar n'Ele."
Consciente de que teria que retirar Nathan de seu corpo, Allison começa a preocupar-se. Sua irmã, Amy, revela que ela "não queria alguém simplesmente 'sugando o corpo do seu bebê para fora', que aquele pequeno merecia uma honra maior do que essa". "Eu não queria meu bebê desfeito em pedaços como em um procedimento de aborto e descartado em algum cesto de lixo como se não tivesse nenhum valor", diz Allison. "Eu queria ficar com meu bebê, levá-lo para casa e dar-lhe a dignidade de um funeral."
Confirmado o aborto espontâneo na semana seguinte, ela consegue, providencialmente, ter o seu filho em trabalho de parto. Depois de 13 semanas, um procedimento de dilatação e curetagem não era tão eficaz para retirar tudo o que precisava ser retirado de seu organismo. "Eu precisaria ser induzida e ter o bebê no hospital em trabalho de parto. Uma onda de satisfação, gratidão e alívio inundou o meu coração!", ela conta. "Fosse quatro dias mais cedo, o corpo do meu bebê possivelmente seria submetido a horrores indescritíveis e descartado como lixo."
Já na sala de parto, depois de ser induzida, esta jovem mãe recusa quaisquer medicações para a dor. "Eu queria sentir a dor e deixar que a realidade daquele momento me atingisse. Queria estar bem presente e sentir cada contração. Via como uma honra sentir as dores de parto pelo meu filho". Depois de várias horas na sala de parto, o corpo de Nathan finalmente vem à tona. A origem do nome é bíblica. Significa "presente de Deus", porque, diz Allison, "Nathan foi um grande presente de nosso Senhor".
Apesar da dor da perda, sua mãe Allison, seu pai Daniel e seu irmão Matthew, de dois anos e meio, têm razões de sobra para encontrar vida na morte prematura de seu filho. "Eu chorei quando o vi pela primeira vez", conta Allison. "Amei-o desde o momento em que soube que ele era meu."
A experiência fez a família respeitar e ter ainda maior consideração pela vida humana. "Seu pequeno corpo era tão perfeito, com dez dedinhos nas mãos e dez dedinhos nos pés. Tinha um nariz, uma boca, dois olhinhos e ouvidos", descreve a mãe. "Ninguém pode negar que aquele bebê de 13 semanas e 4 dias era um bebê".
Após todo o procedimento, o corpo de Nathan foi levado para casa e enterrado, no leste do Texas, onde Allison e Amy cresceram. Lendo as Sagradas Escrituras e agradecendo a Deus pela vida que puderam conhecer, toda a família se reuniu para sinalizar "a importância de uma vida que muitos desprezariam".
É verdade, são muitos os que negam a humanidade do nascituro, relegando-o como um mero "aglomerado de células". As impressionantes imagens da vida de Nathan, no entanto, apontam para uma direção oposta: a vida é realmente um dom precioso de Deus, desde o primeiro e significativo momento de sua concepção.








Fonte: LiveActionNews.org
Tradução e adaptação: Equipe Christo Nihil Praeponere

COMO IDENTIFICAR UMA PESSOA QUE ESCONDE SUA DEPRESSÃO?

 Conheça os sinais da "depressão escondida"

Pessoas deprimidas geralmente são fáceis de identificar: ​​podem ser sombrias, tristes e apáticas. Mas o que acontece com aquelas que escondem sua depressão? Elas podem ser extrovertidas e simpáticas! Este é o problema com a depressão escondida: estas pessoas são especialistas em dissimular a situação real. Como podemos identificar e ajudá-las?

Aqui estão 7 sinais típicos que as pessoas com depressão escondida fazem:

1. Elas podem ser extrovertidas e alegres

Pesquisadores da Universidade de Rochester descobriram que a depressão era mais difícil de detectar quando as pessoas tinham uma disposição alegre, especialmente quando eram idosos. A equipe de investigação acreditava que os introvertidos tinham mais dificuldade para sair de uma depressão, mas parece que o oposto é verdadeiro. Não devemos tomar como certo que uma pessoa alegre e sociável é imune à depressão. Devemos ficar com os olhos atentos para alguns sinais indicativos e, acima de tudo, precisamos ser ouvintes empáticos.

2. Elas podem esconder a sua depressão

Há uma interessante pesquisa sobre a atitude que os europeus e australianos têm com relação à depressão. Há tanto estigma associado à depressão na Europa e Austrália, que muitos doentes estão determinados a não revelá-la. Eles podem ter vergonha ou simplesmente temem perder o emprego - refletido no número de dias de licença por causa de problemas de saúde mental.

3. Elas podem precisam resolver alguns traumas do passado

Imagine a anfitriã perfeita: ela tem filhos maravilhosos, uma carreira gratificante e um casamento estável. Também pode ser que exista um episódio doloroso na vida dessa pessoa que nunca tenha sido devidamente curado. Os psicólogos têm um acrônimo para este tipo de pessoa: PHDP (Perfectly-Hidden-Depressed-Person). A aparência externa de confiança e felicidade está em nítido contraste com o que está acontecendo por dentro. O problema é muitas vezes ignorado, especialmente pelo sofredor, que pode acabar cometendo suicídio. A tragédia é que ninguém seja capaz de identificar os sinais, ou que o doente nunca tenha coragem de falar com alguém. Devemos sempre ouvir com atenção quando um amigo ou ente querido nos fala sobre sua exaustão e ansiedade.

4. Elas podem ter hábitos alimentares anormais

A maioria dos especialistas acreditam agora que pode haver uma forte ligação entre transtornos alimentares e depressão. Estas são duas doenças distintas, embora uma possa conduzir à outra, ou surgirem simultaneamente. Cada vez mais pessoas estão sofrendo de distúrbios alimentares. Pode haver várias causas, tais como pressões da mídia, autoimagem corporal, atividades físicas e depressão. Se você perceber que um ente querido está com alterações do apetite, tente falar com ela/e e incentive-o a procurar ajuda. A depressão escondida pode muito bem ser o gatilho.

5. Elas podem não querer se comprometer com a felicidade

Muitas vezes, as pessoas com depressão escondida exibem uma falta de entusiasmo por coisas que costumavam gostar de fazer. Se a pessoa afirmar que não está deprimida, que apenas não se importa mais, este pode ser um sinal de que algo está errado. Fazer com que a pessoa fale sobre seus problemas, geralmente é o primeiro passo em busca de tratamento.

6. Elas podem apresentar irritação e raiva

Costumamos associar a depressão com apatia, desespero, pensamentos melancólicos e choro. Mas há outros sintomas de depressão que muitas vezes passam despercebidos, como as explosões temporárias. A verdade é que explosões de raiva e irritabilidade frequentemente são manifestações de uma depressão. Muitos homens escolhem esta forma para expressar sua depressão.

7. Elas podem não dormir o suficiente

Se o seu cônjuge se queixa de não dormir o suficiente (ou mesmo dormir demais), isso pode ser um sinal de alerta. Estes problemas de sono podem ser apenas o sinal externo de uma causa mais profunda, como uma ansiedade, uma letargia ou uma depressão. Os problemas do sono e a depressão estão, muitas vezes, intimamente ligados. Vale a pena sondar para descobrir o que pode ser a causa, se a pessoa estiver disposta a se abrir.

Muitos casos de depressão não são detectados e tratados, muitas vezes com resultados trágicos. Entre 10% a 15% das pessoas com depressão grave não tratada cometem suicídio. Como vimos acima, as pessoas podem esconder ou fingir. Às vezes, apenas aguardam para elas, como um segredo obscuro. O desafio é ficar atento a possíveis sinais e ajudar a pessoa a procurar ajuda. 







sources: Psiconlinews

LITURGIA DIÁRIA - DEUS AMOU TANTO O MUNDO, QUE DEU O SEU FILHO UNIGÊNITO...

Primeira Leitura (Ez 37,21-28)

Leitura da Profecia de Ezequiel.
21Assim diz o Senhor Deus: “Eu mesmo vou tomar os israelitas do meio das nações para onde foram, vou recolhê-los de toda parte e reconduzi-los para a sua terra.
22Farei deles uma nação única no país, nos montes de Israel, e apenas um rei reinará sobre todos eles. Nunca mais formarão duas nações, nem tornarão a dividir-se em dois reinos. 23Não se mancharão mais com os seus ídolos e nunca mais cometerão infames abominações. Eu os libertarei de todo o pecado que cometeram em sua infidelidade, e os purificarei. Eles serão o meu povo e eu serei o seu Deus.
24Meu servo Davi reinará sobre eles, e haverá para todos eles um único pastor. Viverão segundo meus preceitos e guardarão minhas leis, pondo-as em prática. 25Habitarão no país que dei a meu servo Jacó, onde moraram vossos pais; ali habitarão para sempre, também eles, com seus filhos e netos, e o meu servo Davi será o seu príncipe para sempre.
26Farei com eles uma aliança de paz, será uma aliança eterna. Eu os estabelecerei e multiplicarei, e no meio deles porei meu santuário para sempre. 27Minha morada estará junto deles. Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. 28Assim as nações saberão que eu, o Senhor, santifico Israel, por estar o meu santuário no meio deles para sempre”. 

Responsório (Jr 31,10-13)

O Senhor nos guardará qual pastor a seu rebanho.
O Senhor nos guardará qual pastor a seu rebanho.

Ouvi, nações, a palavra do Senhor e anunciai-a nas ilhas mais distantes: “Quem dispersou Israel, vai congregá-lo, e o guardará qual pastor a seu rebanho!”
Pois, na verdade, o Senhor remiu Jacó e o libertou do poder do prepotente. Voltarão para o monte de Sião, entre brados e cantos de alegria afluirão para as bênçãos do Senhor:
Então a virgem dançará alegremente, também o jovem e o velho exultarão; mudarei em alegria o seu luto, serei consolo e conforto após a guerra.
 
Evangelho (Jo 11,45-56)

O Senhor esteja convosco.
Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 45muitos dos judeus que tinham ido à casa de Maria e viram o que Jesus fizera, creram nele. 46Alguns, porém, foram ter com os fariseus e contaram o que Jesus tinha feito. 47Então os sumos sacerdotes e os fariseus reuniram o Conselho e disseram: “Que faremos? Este homem realiza muitos sinais. 48Se deixamos que ele continue assim, todos vão acreditar nele, e virão os romanos e destruirão o nosso Lugar Santo e a nossa nação”.
49Um deles, chamado Caifás, sumo sacerdote em função naquele ano, disse: “Vós não entendeis nada. 50Não percebeis que é melhor um só morrer pelo povo do que perecer a nação inteira?” 51Caifás não falou isso por si mesmo. Sendo sumo sacerdote em função naquele ano, profetizou que Jesus iria morrer pela nação. 52E não só pela nação, mas também para reunir os filhos de Deus dispersos. 53A partir desse dia, as autoridades judaicas tomaram a decisão de matar Jesus.
54Por isso, Jesus não andava mais em público no meio dos judeus. Retirou-se para uma região perto do deserto, para a cidade chamada Efraim. Ali permaneceu com os seus discípulos. 55A Páscoa dos judeus estava próxima. Muita gente do campo tinha subido a Jerusalém para se purificar antes da Páscoa. 56Procuravam Jesus e, ao reunirem-se no Templo, comentavam entre si: “Que vos parece? Será que ele não vem para a festa?” 

 Reflexão

A mensagem central de hoje e de todo o Evangelho de São João é que “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho Unigênito, para que não morra todo aquele que nele crê, mas, tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). A presença de Jesus, como luz do mundo, divide inevitavelmente os seres humanos entre os que se decidem pela Luz e, por isso, ficam do lado da vida, e os que se decidem pelas trevas, ficando do lado da morte.
Assim, os fariseus, escribas e sacerdotes não descansaram enquanto não conseguiram um jeito de anular a pessoa de Jesus Cristo. Preocupados com a sua fama e a multiplicação dos milagres, estavam sem saber o que fazer. Foram muitos os enfrentamentos entre eles e Jesus, onde questionavam a pessoa de Cristo. Até que finalmente, os pontífices e os fariseus convocaram o conselho. E desde aquele momento resolveram tirar-lhe a vida.
Decidiram matar Jesus. Resolveram matá-lo por Ele fazer o bem. Curar e ressuscitar pessoas, aconselhar-nos a seguir o caminho reto, a não nos preocupar com o dia de amanhã, e a não ter medo, mas crer n’Ele e no Pai. E o que mais indignou os pontífices ou sumo sacerdotes, foi Ele dizer que era o Filho de Deus. Para os judeus, isso foi blasfêmia, mas na verdade, eles queriam apagar o concorrente. Então aquele conselho foi um pré-julgamento de Jesus, onde o Filho de Deus foi, de antemão, condenado.
Também nós condenamos e até mesmo “queimamos” os nossos concorrentes, arrumando um jeito de diminuir as suas qualidades: sejam no emprego, por ciúmes daqueles colegas que são mais capazes que nós, seja aquele cara forte que arrasa quando chega na área.
Jesus era consciente de que um efeito ainda que não desejado do seu trabalho, fosse ser causa de divisão entre os partidários do imobilismo e os que lutam por um mundo novo. Por isso inflamou a ira dos funcionários do templo e de todos os que se consideravam donos da verdade.
Aproximando-nos da festa da Páscoa, vamos ao encontro do Senhor da nova e eterna aliança. A Quaresma é ocasião oportuna para reforçarmos nossa decisão pela luz, que é Cristo, e ajudarmos os que estão nas trevas a optar pela luz e abandonar a morte.
Que esta quaresma, tempo favorável da graça de Deus, nos dê as forças necessárias para renovar nossos corações, e assim possamos viver a Páscoa do Senhor, que deseja devolver-nos a alegria de viver.

Precisamos tomar mais cuidado para não fazer como os líderes judaicos. Ter mais cuidado com os nossos pensamentos e palavras. E, lembrar, acima de tudo o que nos disse o Ressuscitado: “Não julguem e não serão julgados! Não condenem e não serão condenados!”
 
 
 
 
 
CN

sexta-feira, 27 de março de 2015

POR QUE FAZEMOS O SINAL DA CRUZ?


“É a cruz que fecunda a Igreja, ilumina os povos, guarda o deserto, abre o paraíso.”  
(São Proclo de Constantinopla, bispo).
A primeira coisa que nossos pais católicos nos ensinam a fazer é o sinal da Cruz. É uma das mais belas marcas de nossa religião; é o ato que inicia e termina nossas orações particulares ou coletivas. 
É um sinal externo que “nos volta para Deus”.
 
Ao traçarmos sobre nós o santo sinal da cruz, nós a burilamos em toda a plenitude do corpo:

Sobre a fronte – (os pensamentos);

No baixo ventre – (a vitalidade, a sexualidade);

Sobre o ombro esquerdo – (o inconsciente, o Feminino, o coração);

Sobre o ombro direito – (o consciente, o masculino, o agir)

Ao fazermos o sinal da cruz, asseguramos e antecipamos o que celebramos na eucaristia: que seremos “tocados” pelo amor de Cristo e que “nada”, em nós, ficará excluído deste amor.
Fazendo com devoção o santo sinal da cruz e falando as palavras com santo respeito e dignidade, os filhos de Deus atraem sobre si a benção celestial e conseguem todas as bênçãos do nosso Deus e afugenta assim o diabo... e ele perde sua forças e foge de nós !
 
 Apresentando em forma de imagem a execução do sinal da Cruz na tradição ortodoxa podemos representar como a abaixo:
sinal1
 
Sua referência é bíblica. Uma delas está no livro de Ezequiel (9,3-4): “O Senhor disse: Percorre a cidade, atravessa Jerusalém e marca na fronte os que se lamentaram afligidos pelas abominações que nela se cometem.” A marca é um tau (T), última letra do alfabeto hebraico, que tinha a forma de uma cruz. Os marcados são propriedade do Senhor, uma porção sagrada e intocável.  Em Apocalipse 7,3 temos outra cena semelhante: “Não causeis danos à terra nem ao mar nem às árvores, até que selemos a fronte dos servos do nosso Deus.” 
 
Em ambos os textos, a marca na fronte significava a salvação e sem ele o homem não seria poupado.
Tertuliano (†220) escrevia no ano 211 d. C.: “Nós marcamos nossa fronte com o sinal da cruz. Quando nos pomos a caminhar, quando saímos e entramos, quando nos vestimos, quando nos lavamos, quando iniciamos as refeições, quando nos vamos deitar, quando nos sentamos, nessas ocasiões e em todas as nossas demais atividades, persignamo-nos a testa com o sinal da Cruz” (De corona militis 3). 
 
Fazer o sinal da cruz já era um hábito antigo quando escreveu isso.
Há muitos textos bíblicos, que louvam e exaltam a Cruz de Cristo:
·         Mt 10,38: “Aquele que não toma a sua cruz e me segue, não é digno de mim” (Cf.Mc 8,34; Lc 9,23; 14,27).
·         Mt 16,24: “Disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”.
·         Gl 2,19: “Pela Lei morri para a Lei, a fim de viver para Deus. Fui crucificado com Cristo.”
·         Gl 6,14: “Quanto a mim, não aconteça gloriar-me senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por quem o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.”
Diz ainda Santo Hipólito de Roma (†235), descrevendo as práticas dos cristãos do século II: “Marcai com respeito as vossas cabeças com o sinal da Cruz. Este sinal da Paixão opõe-se ao diabo e protege contra o diabo, se á feito com fé, não por ostentação, mas em virtude da convicção de que á um escudo protetor. É um sinal como outrora foi o Cordeiro verdadeiro; ao fazer o sinal da Cruz na fronte e sobre os olhos, rechaçamos aquele que nos espreite para nos condenar” (Tradição dos Apóstolos 42).
São Paulo exalta a santa cruz: “A linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas para os que se salvam, isto é para nós, é uma força divina.” (1 Cor 1,18)
Podemos e devemos fazer o sinal da cruz sempre que vamos rezar, conversar com Deus, pedir a sua proteção. Ao passar por uma igreja, ou outro lugar sagrado, podemos fazer o sinal da cruz, com respeito, e bem feito, para pedir a Deus a sua proteção. 
O importante é a intenção de rezar, “voltar-se para Deus”. 
O próprio Sinal da Cruz é uma oração. Importa que seja feito com devoção, e não como superstição.
Diante do Santíssimo Sacramento, pode-se fazer o sinal da cruz, mas não é obrigatório; e sim a genuflexão. Também não é necessário fazer o sinal da cruz ao receber a sagrada Comunhão, pois já o fizemos no início da celebração.
Nota: vale a pena lembrar que no dia 14 de setembro a Igreja celebra a festa da exaltação da santa cruz.
“… Até hoje a cruz é glorificada; com efeito, é a cruz que ainda hoje consagra os reis, adorna os padres, protege as virgens, dá força aos ascetas, reforça os elos dos esposos, dá ânimo às viúvas. É a cruz que fecunda a Igreja, ilumina os povos, guarda o deserto, abre o paraíso.”
 
 
 
 
 
 
 
 (Proclo de Constantinopla, bispo (c. 390-446)) – Sermão para o Domingo de Ramos.