segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O MEDO VISITA À TODOS.

 

O medo faz parte da vida da gente.
Algumas pessoas não sabem como enfrentá-lo, outras - acho que estou entre elas - aprendem a conviver com ele e o encaram não como uma coisa negativa, mas como um sentimento de autopreservação.
A presença do medo não significa que você não tem fé.
O medo visitas à todos. Mas faça do seu medo um visitante, não um residente.

Desejo que você:

Não tenha medo da vida, tenha medo de não vivê-la.
Não há céu sem tempestades, nem caminhos sem acidentes.
Só é digno do pódio quem usa as derrotas para alcançá-lo.
Só é digno da sabedoria quem usa as lágrimas para irrigá-la.
Os frágeis usam a força; os fortes, a inteligência.
Seja um sonhador, mas una seus sonhos com disciplina,
Pois sonhos sem disciplina produzem pessoas frustradas.
Seja um debatedor de idéias. Lute pelo que você ama.

A GEMMA DO PARAÍSO: "SÓ TENHO MEDO...DE MAGOAR JESUS!"

Santa Gemma Galgani e a entrega de si mesma a Deus: "...já estou desapegada de tudo"


A vida dos santos impressiona, sobretudo, pelas intervenções extraordinárias de Deus em sua rotina ordinária. Capítulos particularmente incríveis de suas biografias são as lutas físicas que alguns deles, como o Padre Pio de Pietrelcina e o Cura de Ars, travavam com o demônio. Muitos desses combates foram descritos com ricos detalhes por pessoas que conviveram todos os dias com estes santos.
Trata-se de casos especialíssimos de "obsessão demoníaca". Importa saber que o demônio "anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar" (1 Pd 5, 8). Ele não poupa esforços para fazer perder as almas que Cristo conquistou com o Seu sangue. Por isso, as lutas com o mal não são exclusividade dos grandes santos, mas uma realidade vivenciada todos os dias pelo cristão comum. O católico deve acordar todos os dias tomando consciência de que, para além dos trabalhos e penas do dia a dia, há um combate espiritual sendo travado diante de si, o qual só pode ser vencido com o auxílio de Deus e de Seus santos anjos.
Certas almas, porém, recebem do Senhor uma missão ainda mais nobre que a dos demais batizados. Elas são chamadas a unir-se mais perfeitamente a Cristo sofredor e a oferecerem-se de modo total como vítimas pelos pecados da humanidade. As suas vidas de santidade e de oração perturbam profundamente Satanás, que quer fazer de tudo para precipitar o ser humano ao inferno.
A jovem Gemma Galgani, nascida no povoado próximo à cidade de Lucca, na Itália, era uma dessas almas que deixavam inquieto o inimigo de Deus. Contemporânea de Santa Teresinha do Menino Jesus, Gemma cresceu habituada à experiência da morte. Sua mãe, Aurélia, faleceu cedo, vítima de tuberculose. Seu irmão, Eugênio, que decidira entrar no seminário, também foi acometido pela doença, tendo morrido antes de ser ordenado sacerdote. Experiências tão próximas fizeram com que Gemma se desapegasse desde cedo deste mundo. Questionada, certa vez, se tinha medo da morte, ela respondeu: "Claro que não... já estou desapegada de tudo".

Órfã de pai e de mãe aos 19 anos, Gemma vai morar com uma piedosa senhora: Cecília Giannini. Ela acolhe a pequena gema de Deus como uma filha e é em sua casa que vão acontecer experiências extraordinárias: às quintas e sextas-feiras, recolhida em seu quarto, em oração, Gemma recebe os estigmas de nosso Senhor. A jovem amante de Cristo, com o olhar detido em um ponto fixo do alto, sangra abundantemente em várias partes do corpo. No momento da oração, está totalmente alheia às coisas terrenas. Em êxtase, ela perde todos os seus sentidos, permanece imóvel, totalmente absorta nas coisas celestes.
Mas, ao mesmo tempo em que é constantemente agraciada com as consolações de Deus, a santa recebe com frequência a visita indesejada do diabo.

Conta-se que, certa vez, o seu diretor espiritual, padre Germano, encontrou-a acamada, por conta dos incessantes ataques do demônio, que a debilitavam. Durante a noite, o sacerdote permaneceu com ela, rezando o breviário no canto do quarto. De repente, um enorme gato preto, de aspecto horrível, se joga aos pés do sacerdote. Ele dá uma volta pelo quarto, dando miados infernais.
Subitamente, o gato salta sobre o leito de Gemma, ficando muito próximo de seu rosto e fixando nela um olhar feroz. Padre Germano fica visivelmente assustado, mas sua filha espiritual permanece calma: está acostumada às artimanhas do maligno. "Não tenha medo, padre! É o velhaco do demônio que me quer molestar. Não tema. Ao senhor não fará mal algum", diz a jovem, tentando tranquilizar o sacerdote.
Ele, então, levanta-se, ainda com a mão trêmula, e borrifa água benta sobre o gatão, que desaparece, como que por encanto. "Como é possível permanecer tão tranquila?", pergunta o padre a Gemma, ao que ela responde: "Só tenho medo... de magoar Jesus!"
Estes episódios arrepiantes da vida dos santos servem para todos os cristãos de lição: neste mundo, o seu único medo deve ser o de ofender a Cristo e, assim, perder a amizade d’Aquele que não poupou Seu próprio Sangue para a remissão dos nossos pecados. Que Santa Gemma Galgani rogue por nós junto a Deus.







Por Christo Nihil Praeponere
Referências
  1. Afonso de Santa Cruz. A gema do paraíso. 4. ed. Curitiba, 2013.

LITURGIA DIÁRIA - O MAIS IMPORTANTE.

 
Primeira Leitura: Zacarias 8, 1-8

SÃO JERÔNIMO
PRESBÍTERO E DOUTOR
(cor verde - ofício do dia da II semana)

Leitura da profecia de Zacarias - 1A palavra do Senhor foi-me de novo dirigida nestes termos: Eis o que diz o Senhor dos exércitos: 2consumo-me de ardente amor por Sião; estou animado em favor dela de uma violenta cólera. 3Assim fala o Senhor: eis que volto a Sião, venho residir em Jerusalém. Jerusalém chamar-se-á a cidade-fidelidade, e a montanha de Sião, a montanha-santidade. 4Eis o que diz o Senhor dos exércitos: ver-se-ão ainda velhos e velhas sentados nas praças de Jerusalém, tendo cada um na mão o seu bastão. 5As praças da cidade regorgitarão de meninos e meninas que brincarão nas suas praças. 6Eis o que diz o Senhor dos exércitos: se isso parecer um milagre aos olhos dos sobreviventes desse povo, acaso será isso difícil a meus olhos? diz o Senhor dos exércitos. 7Eis o que diz o Senhor dos exércitos: vou libertar o meu povo, tirá-lo das terras do Levante e do Poente 8e conduzi-lo a Jerusalém, onde habitará; será o meu povo e eu serei o seu Deus na fidelidade e na justiça. - Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial()

REFRÃO: O Senhor edificou Jerusalém e apareceu na sua glória!

1.
 As nações respeitarão o vosso nome, e os reis de toda a terra, a vossa glória; quando o Senhor reconstruir Jerusalém e aparecer com gloriosa majestade, ele ouvirá a oração dos oprimidos e não desprezará a sua prece. -R.

2. 
Para as futuras gerações se escreva isto, e um povo novo a ser criado louve a Deus. Ele inclinou-se de seu templo nas alturas, e o Senhor olhou a terra do alto céu, para os gemidos dos cativos escutar e da morte libertar os condenados. -R.

3.
 Assim também a geração dos vossos servos terá casa e viverá em segurança, e ante vós se firmará sua descendência. Para que cantem o seu nome em Sião e louve ao Senhor Jerusalém, quando os povos e as nações se reunirem e todos os impérios o servirem. -R.
Evangelho: Lucas 9, 46-50


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - Naquele tempo, 46Veio-lhes então o pensamento de qual deles seria o maior. 47Penetrando Jesus nos pensamentos de seus corações, tomou um menino, colocou-o junto de si e disse-lhes: 48Todo o que recebe este menino em meu nome, a mim é que recebe; e quem recebe a mim, recebe aquele que me enviou; pois quem dentre vós for o menor, esse será grande. 49João tomou a palavra e disse: Mestre, vimos um homem que expelia demônios em teu nome, e nós lho proibimos, porque não é dos nossos. 50Mas Jesus lhe disse: Não lho proibais; porque, o que não é contra vós, é a vosso favor. - Palavra da salvação.



 Reflexao


O Evangelho de hoje trata de um assunto que nunca sai de moda: a vaidade, a soberba, o orgulho, a avareza, ou seja, dos sete pecados capitais que se resume no desejo de ser grande. O desejo de se sentir importante é um dos mais primitivos desejos do ser humano. Aliás, o ditado popular diz que o coração do homem é insaciável de ambições. Quanto mais tem mais quer.
Diferentemente da nossa maneira de pensar, olhar e ver humanos, Jesus nunca olha para uma pessoa, mas sempre olha através da pessoa. Quando olhamos para alguém, não percebemos o que aquela pessoa está passando, pensando, sentindo. Isso nós só conseguimos saber quando nos anulamos e nos colocamos no lugar da outra pessoa. Jesus foi, então, o maior de todos os psicólogos que já existiu. Ele sondava o coração, e era capaz de ser aquela pessoa.
Na passagem de hoje, Ele sondou o coração dos discípulos e sentiu que eles se perguntavam quem, dentre os Doze, seria o maior. Eles eram humanos como nós, e dentro do grupo, procuravam uma posição de destaque. Observe que Jesus não coloca todos no mesmo patamar. Jesus admite que haja a possibilidade de alguém ser maior que os outros. Existe uma hierarquia no Reino dos Céus! Mas essa hierarquia é o inverso da nossa.
Aqui, neste mundo, quanto maior for a sua posição, mais inacessível você se torna. Na hierarquia de Jesus, quanto mais acessível você for, maior a sua posição. Viu como inverte duplamente? Neste mundo, você cresce e se torna inacessível; no Reino dos Céus, você se torna acessível e cresce!
Quando as pessoas tiverem medo e resistência em falar com você, significa que algo está errado. O primeiro passo é assumir. Se você não assumir, não vai conseguir nem passar para o segundo passo: descobrir o porquê. A maioria das pessoas quer interagir mais, ter mais e melhores amigos. Mas só o farão se encontrarem abertura no seu coração. E isto pode ser na forma de um sorriso, uma brincadeira ou até em você saber o nome da pessoa e chamá-la pelo nome. E esse já é o terceiro passo: abrir-se. Em pouco tempo, você já vai ser tão solicitado, que não vai dar nem conta de tanta responsabilidade.
O missionário do Reino, portanto, não pode desprezar ninguém! A criança que Jesus tomou em seus braços nesta passagem, representa não só as crianças, mas todos os que são excluídos neste mundo.
Jesus nos revela hoje a novidade do projeto de Deus: é um mundo de justiça, de vida plena para todos, abolindo os privilégios daqueles que concentram poder a partir da acumulação de riquezas ou do prestígio religioso. Percebe-se, nos Evangelhos, que os discípulos vindos do judaísmo sempre tiveram dificuldades em compreendê-lo. Estavam tomados pela ideologia messiânica nacionalista. Como Jesus falou para eles sobre a fragilidade de sua condição humana, vulnerável ao sofrimento e à morte, aludindo ao fim que pressentia acontecer em Jerusalém e os discípulos não entenderam e logo em seguida, passam a discutir quem seria o maior, pensando que Jesus estaria na iminência de conquistar o poder, assim também Ele quer falar para nós. Jesus nos apresenta como exemplo e, sobretudo, condição para sermos os maiores no Seu Reino o olhar puro e simples de uma criança. A criança como símbolo e modelo de humildade e exclusão do Reino dos Céus. Somos chamados a viver dedicados ao serviço, sem pretensões ao poder e a privilégios.
Pai, que eu busque sempre destacar-me no serviço ao meu semelhante, de modo especial, aos mais necessitados, pois nisto consiste minha verdadeira grandeza de discípulo. E que nesta busca eu seja simples, puro e humilde como as crianças.






Pe Bantu

sábado, 28 de setembro de 2013

26º DOMINGO DO TEMPO COMUM - MUDANÇA DE UM CORAÇÃO EGOÍSTA PARA UM CAPAZ DE AMAR E DE PARTILHAR.



A liturgia deste domingo propõe-nos, de novo, a reflexão sobre a nossa relação com os bens deste mundo…
Convida-nos a vê-los, não como algo que nos pertence de forma exclusiva, mas como dons que Deus colocou nas nossas mãos, para que os administremos e partilhemos, com gratuidade e amor.

Na primeira leitura, o profeta Amós denuncia violentamente uma classe dirigente ociosa, que vive no luxo à custa da exploração dos pobres e que não se preocupa minimamente com o sofrimento e a miséria dos humildes. O profeta anuncia que Deus não vai pactuar com esta situação, pois este sistema de egoísmo e injustiça não tem nada a ver com o projeto que Deus sonhou para os homens e para o mundo.

O Evangelho apresenta-nos, através da parábola do rico e do pobre Lázaro, uma catequese sobre a posse dos bens… Na perspectiva de Lucas, a riqueza é sempre um pecado, pois supõe a apropriação, em benefício próprio, de dons de Deus que se destinam a todos os homens… Por isso, o rico é condenado e Lázaro recompensado.

A segunda leitura não apresenta uma relação direta com o tema deste domingo… Traça o perfil do “homem de Deus”: deve ser alguém que ama os irmãos, que é paciente, que é brando, que é justo e que transmite fielmente a proposta de Jesus. Poderíamos, também, acrescentar que é alguém que não vive para si, mas que vive para partilhar tudo o que é e que tem com os irmãos?

LEITURA I – Am 6,1a.4-7

Continuamos com Amós, o profeta de Técua, de quem já falámos no passado domingo. Estamos em meados do séc. VIII a.C. (por volta de 762 a.C.), no reino do Norte (Israel). As conquistas de Jeroboão II criaram bem-estar, riqueza, prosperidade; no entanto, a situação de desafogo não beneficia toda a nação, mas um grupo privilegiado (no qual podemos incluir os nobres, os cortesãos, os militares, os grandes latifundiários e os comerciantes sem escrúpulos). Nasce, assim, uma classe dirigente poderosa, cada vez mais rica, que vive instalada no luxo, que explora os pobres e que, apoiada por juízes corruptos, comete ilegalidades e prepotências… Do outro lado, estão os pobres, vítimas inocentes e silenciosas de um sistema que gera injustiça, miséria, sofrimento, opressão. É neste contexto que o “profeta da justiça social” vai fazer ouvir a sua denúncia profética.
 
O texto que hoje nos é proposto pertence ao gênero literário dos “ais” (vers. 1). Começa com uma interjeição (“hwy”) que é, habitualmente, usada em lamentações fúnebres. A palavra corresponde ao grito com que as carpideiras acompanham o cortejo fúnebre… É o terceiro “ai” de Amós; os outros dois aparecem em Am 5,7 (a propósito da justiça e dos tribunais) e em Am 5,18 (a propósito do culto). Os profetas utilizam, normalmente, esta palavra como introdução a um oráculo que anuncia o castigo: indica que certas pessoas ou grupos se encontram às portas da morte por causa dos seus pecados.
Quem são os destinatários da mensagem que Amós propõe neste texto? Quem são esses que se encontram às portas da morte por causa dos seus pecados?
Trata-se da classe dirigente, rica e indolente, que vive comodamente nos palácios da capital, que esbanja em luxos, que vive numa eterna festa; trata-se desses parasitas que se deitam “em leitos de marfim”, que comem alimentos selecionados, que bebem vinhos raros em excesso, que usam perfumes importados, que se divertem ouvindo música e compondo canções. O mais grave (este texto não o diz diretamente, mas a ideia está sempre presente na denúncia de Amós) é que todo este luxo e esbanjamento resultam da exploração dos mais pobres e das rapinas e prepotências cometidas contra os fracos. De resto, esta classe rica e indolente vive egoisticamente mergulhada no seu mundo cômodo e não se preocupa minimamente com a miséria e o sofrimento que aflige os seus irmãos. Os pobres trabalham duramente, numa existência cheia de dores, trabalhos e misérias, para sustentarem a indolência e o luxo da classe dirigente. Deus pode aceitar que esta situação se prolongue indefinidamente?
É evidente que Deus não está disposto a pactuar com isto. A classe dominante da Samaria está a infringir gravemente os mandamentos da “aliança” e Deus não aceita ser cúmplice daqueles que mantêm um elevado nível de vida à custa do sangue e das lágrimas dos pobres. Por isso, o castigo chegará em forma de exílio numa terra estrangeira (o profeta refere-se à queda da Samaria nas mãos dos assírios de Salamanasar V, em 721 a.C., e à partida da classe dirigente para o cativeiro na Assíria).

ATUALIZAÇÃO

Para a reflexão e partilha, considerar as seguintes questões:

• O quadro pintado por Amós descreve, em pormenor, situações bem conhecidas de todos nós… Pensemos nas festas do jet-set e nas quantias gastas em roupas, em jóias, em perfumes, por aqueles que as frequentam; pensemos nas quantias gastas em noites de jogatana por gente que paga miseravelmente aos seus operários; pensemos nos governantes que malbaratam os dinheiros públicos e que nem sequer vão a tribunal porque há sempre uma maneira de fazer com que o crime prescreva… E, por contraste, pensemos nos operários que arriscam a vida em obras perigosas, porque o patrão não quis gastar uns trocos com sistemas de segurança; pensemos naqueles que ganham salários mínimos, trabalhando duramente para enriquecer um patrão prepotente e sem escrúpulos, mas que ao fim do mês não têm dinheiro para pagar o infantário dos filhos; pensemos nos trabalhadores clandestinos que não recebem o salário ao fim do mês, porque o patrão desapareceu sem pagar; pensemos naqueles que recebem pensões de miséria e que vivem em condições infra-humanas porque a sua magra reforma mal dá para pagar os medicamentos… Um cristão pode conformar-se com estes contrastes? Que podemos fazer? Como reivindicar, com coragem profética, um mundo mais parecido com o projeto de Deus?

• Convém, também, aplicarmos o questionamento que a mensagem de Amós exige a nós próprios… Muito provavelmente, não frequentamos as festas do jet-set, nem usamos dinheiros públicos para pagar os nossos divertimentos e esbanjamentos… Mas, numa escala muito menor, não teremos os mesmos vícios que Amós denuncia nesta classe rica e ociosa? Não nos deixamos, às vezes, arrastar pelo desejo de ter, comprando coisas supérfluas e impondo sacrifícios à família para pagar as nossas manias de grandeza? Não gastamos, às vezes, de forma descontrolada, para pagar os nossos pequenos vícios, sem pensar nas necessidades daqueles que dependem de nós? E os religiosos e religiosas com voto de pobreza não gastam, às vezes, de forma supérflua, esquecendo que vivem das ofertas generosas de pessoas que têm menos do que eles?

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 145 (146)

Refrão 1: Ó minha alma, louva o Senhor.

Refrão 2: Aleluia.

O Senhor faz justiça aos oprimidos,
dá pão aos que têm fome
e a liberdade aos cativos.

O Senhor ilumina os olhos dos cegos,
o Senhor levanta os abatidos,
o Senhor ama os justos.

O Senhor protege os peregrinos,
ampara o órfão e a viúva
e entrava o caminho aos pecadores.

O Senhor reina eternamente.
O teu Deus, ó Sião,
é Rei por todas as gerações.

LEITURA II – 1 Tim 6,11-16
 
Continuamos a refletir a Primeira Carta a Timóteo. Timóteo é esse cristão natural de Listra, filho de pai grego e de mãe judeo-cristã que acompanhou algumas das viagens missionárias de Paulo, a quem Paulo confiou a coordenação pastoral das igrejas da Ásia e que, segundo a tradição, foi o primeiro bispo da Igreja de Éfeso. O autor (que se apresenta como Paulo, embora a atribuição desta carta ao apóstolo seja – como já vimos nos domingos anteriores – bastante problemática) traça, para edificação de Timóteo, o retrato do “homem de Deus”.
O contexto das “cartas pastorais” coloca-nos, presumivelmente, nos inícios do séc. II d.C., numa altura em que as heresias – nomeadamente de tipo gnóstico – começam a incomodar os cristãos. Embora continue a discutir-se o “ambiente” em que as cartas pastorais aparecem, o certo é que se trata de uma época em que a comunidade cristã começa a sofrer a influência de “falsos mestres”, que difundem doutrinas estranhas (o autor da carta traça o quadro dos “falsos mestres”: são orgulhosos, ignorantes, discutem questões sem importância, fomentam a inveja, a discórdia, os insultos, as suspeitas injustas, as invejas e ciúmes e estão preocupados com as questões do lucro – cf. 1 Tim 6,4-6)… Neste “ambiente”, é importante sublinhar as características do verdadeiro discípulo, através de quem a verdadeira fé é transmitida.

Como deve ser, então, na perspectiva do autor deste texto, o “homem de Deus”?
O verdadeiro “homem de Deus” (que Timóteo deve representar) tem de distinguir-se por uma vida santa, enraizada na fé e no amor aos irmãos. Em concreto, o “homem de Deus” deve cultivar a justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança, a doçura. Tem de ser paciente e manso, diante das dificuldades que o serviço apostólico levanta. Deve guardar “o mandamento do Senhor” – isto é, a verdade da fé que lhe foi transmitida pela tradição apostólica. No que diz respeito ao perfil do “homem de Deus”, tudo se resume no amor para com os irmãos, no entusiasmo pelo ministério e na capacidade de transmitir a verdadeira doutrina, herdada dos apóstolos.
O texto termina com um hino litúrgico, que apresenta Deus como o Senhor dos senhores, o único soberano, aquele que possui a imortalidade, a glória e o poder universal… Trata-se de uma solene doxologia que provém, sem dúvida, do repertório das orações usadas nas sinagogas judaicas do mundo grego e que apresenta Deus em contraste com os falsos deuses e com os títulos humanos atribuídos a reis e imperadores.

ATUALIZAÇÃO

Para a reflexão e a partilha, ter em conta os seguintes dados:

• O retrato aqui esboçado do “homem de Deus” define os traços do verdadeiro crente: ele é alguém que vive com entusiasmo a sua fé, que ama os irmãos (que trata todos com doçura, com paciência, com mansidão) e que dá testemunho da verdadeira doutrina de Jesus, sem se deixar seduzir e desviar pelas modas ou pelos interesses próprios. Identificamo-nos com este modelo?

• A proposta que aqui é feita a Timóteo deve, sobretudo, caracterizar a vida daqueles que têm responsabilidades na animação das comunidades cristãs. Os animadores das nossas comunidades são, efetivamente, pessoas cheias de amor, de mansidão, de paciência, de capacidade de doar a vida e de servir os irmãos? São pessoas que transmitem, com fidelidade e coerência, o projeto de Jesus, ou são pessoas que transmitem doutrinas próprias, condicionadas pelos seus interesses? Na vida e no testemunho dos animadores das nossas comunidades, nota-se a vontade de dar um verdadeiro testemunho de Jesus e da sua proposta de salvação, ou nota-se a busca de privilégios, de títulos e de honras sociais?


ALELUIA – 2 Cor 8,9

Aleluia. Aleluia.

Jesus Cristo, sendo rico, fez-Se pobre,
para nos enriquecer na sua pobreza.


 
EVANGELHO – Lc 16,19-31

A leitura que hoje nos é proposta apresenta mais uma etapa do “caminho de Jerusalém”. A história do rico e do pobre Lázaro é um texto exclusivo de Lucas. Não é possível dizer se se trata de uma parábola procedente de uma fonte desconhecida, ou se é uma criação do próprio Lucas… De qualquer forma, trata-se de uma catequese (desenvolvida ao longo de todo o capítulo 16 do Evangelho segundo Lucas) em que se aborda o problema da relação entre o homem e os bens deste mundo. Jesus dirige-Se, aqui, aos fariseus (cf. Lc 16,14), como representantes de todos aqueles que amam o dinheiro e vivem em função dele.

A parábola tem duas partes.
 
Na primeira (vers. 19-26), Lucas apresenta os dois personagens fundamentais da história, segundo um clichê literário muito comum na literatura bíblica: um rico que vive luxuosamente e que celebra grandes festas e um pobre, que tem fome, vive miseravelmente e está doente. No entanto, a morte dos dois muda radicalmente a situação. O que é que, verdadeiramente, está aqui em causa?
Atentemos nos dois personagens… Do rico diz-se, apenas, que se vestia de púrpura e linho fino, e que dava esplêndidas festas. De resto, não se diz se ele era mau ou bom, se frequentava ou não o templo, se explorava os pobres ou se era insensível ao seu sofrimento (aparentemente, isso não é decisivo para o desfecho); no entanto, quando morreu, foi para um lugar de tormentos. Do pobre Lázaro diz-se, apenas, que jazia ao portão do rico, que estava coberto de chagas, que desejava saciar-se das migalhas que caíam da mesa do rico e que os cães vinham lamber-lhe as chagas; quando morreu, Lázaro foi “levado pelos anjos ao seio de Abraão” (quer dizer, a um lugar de honra no festim presidido por Abraão. Trata-se do “banquete do Reino”, onde os eleitos se juntarão – de acordo com o imaginário judaico – com os patriarcas e os profetas); não se diz, no entanto, se Lázaro levou na terra uma vida exemplar ou se cometeu más acções, se foi um modelo de virtudes ou foi um homem carregado de defeitos, se trabalhava duramente ou se foi um parasita que não quis fazer nada para mudar a sua triste situação…
 
Nesta história, não parecem ser as ações boas ou más cometidas neste mundo pelos personagens (a história não faz qualquer referência a isso) que decidem a sorte deles no outro mundo. Então, porque é que um está destinado aos tormentos e outro ao “banquete do Reino”?
A resposta só pode ser uma: o que determina a diferença de destinos é a riqueza e a pobreza. O rico conhece os “tormentos” porque é rico; o pobre conhece o “banquete do Reino” porque é pobre. Mas então, a riqueza será pecado? Aqueles que acumularam riquezas sem defraudar ninguém serão culpados de alguma coisa? Ser rico equivale a ser mau e, portanto, a estar destinado aos “tormentos”?
Na perspectiva de Lucas, a riqueza – legítima ou ilegítima – é sempre culpada. Os bens não pertencem a ninguém em particular (nem sequer àqueles que trabalharam duramente para se apossar de uma fatia gorda dos bens que Deus colocou no mundo); mas são dons de Deus, postos à disposição de todos os seus filhos, para serem partilhados e para assegurarem uma vida digna a todos… Quem se apossa – ainda que legitimamente – desses bens em benefício próprio, sem os partilhar, está a defraudar o projeto de Deus. Quem usa os bens para ter uma vida luxuosa e sem cuidados, esquecendo-se das necessidades dos outros homens, está a defraudar os seus irmãos que vivem na miséria. Nesta história, Jesus ensina que não somos donos dos bens que Deus colocou nas nossas mãos, ainda que os tenhamos adquirido de forma legítima: somos apenas administradores, encarregados de partilhar com os irmãos aquilo que pertence a todos. Esquecer isto é viver de forma egoísta e, por isso, estar destinado aos “tormentos”.
 
Na segunda parte do nosso texto (vers. 27-31), insiste-se em que a Escritura – na qual os fariseus eram peritos – apresenta o caminho seguro para aprender e assumir a atitude correta em relação aos bens. O rico ficou surdo às interpelações da Palavra de Deus (“Moisés e os Profetas”) e isso é que decidiu a sua sorte: ele não quis escutar as interpelações da Palavra e não se deixou transformar por ela. O versículo final (vers. 31) expressa perfeitamente a mensagem contida nesta segunda parte: até mesmo os milagres mais espetaculares são inúteis, quando o homem não acolheu no seu coração a Palavra de Deus. Só a Palavra de Deus pode fazer com que o homem corrija as opções erradas, saia do seu egoísmo, aprenda a amar e a partilhar.
A história que nos é proposta é uma ilustração das bem-aventuranças e dos “ais” de Lc 6,20-26… Anuncia-se, desta forma, que o projeto de Deus passa por um “Reino” de fraternidade, de amor e de partilha. Quem recusa esse projeto e escolhe viver fechado no seu egoísmo e auto-suficiência (os ricos), não pode fazer parte desse mundo novo de fraternidade que Deus quer propor aos homens (a imagem dos “tormentos”, contudo, não deve se levada demasiado a sério: faz parte do folclore oriental e das imagens que os pregadores da época utilizavam para impressionar as pessoas e levá-las a modificar radicalmente o seu comportamento).

ATUALIZAÇÃO

A reflexão e partilha podem partir das seguintes questões:

• Talvez a catequese que o Evangelho de hoje nos apresenta nos pareça, à partida, demasiado radical: não temos o direito de ser ricos, de gozar os bens que conquistamos honestamente? No entanto, convém termos consciência de que cerca de um quarto da humanidade tem nas mãos cerca de 80% dos recursos disponíveis do planeta; e que três quartos da humanidade têm de contentar-se com os outros 20% dos recursos. Isto é justo? É justo que várias dezenas de milhares de crianças morram diariamente por causa da fome e de problemas relacionados com a subnutrição, enquanto o primeiro mundo destrói as colheitas para que o excesso de produção não obrigue a baixar os preços? É justo que se gastem em festas sociais quantias que davam para construir uma dúzia de escolas ou meia dúzia de hospitais num país do quarto mundo?

• O Vaticano II afirma: “Deus destinou a terra com tudo o que ela contém para uso de todos os homens e povos; de modo que os bens criados devem chegar equitativamente às mãos de todos (…). Sejam quais forem as formas de propriedade, conforme as legítimas instituições dos povos e segundo as diferentes e mutáveis circunstâncias, deve-se sempre atender a este destino universal dos bens. Por esta razão, quem usa desses bens, não deve considerar as coisas exteriores que legitimamente possui só como próprias, mas também como comuns, no sentido de que possam beneficiar não só a si, mas também aos outros. De resto, todos têm o direito de ter uma parte de bens suficientes para si e suas famílias” (Gaudium et Spes, 69).

• Como me situo face aos bens? Vejo os bens que Deus me concedeu como “meus, muito meus, só meus”, ou como dons que Deus depositou nas minhas mãos para eu administrar e partilhar, mas que pertencem a todos os homens?

• Por muito pobres que sejamos, devemos continuamente interrogar-nos para perceber se não temos um “coração de rico” – isto é, para perceber se a nossa relação com os bens não é uma relação egoísta, açambarcadora, exclusivista (há “pobres” cujo sonho é, apenas, levar uma vida igual à dos ricos). E não esqueçamos: é a Palavra de Deus que nos questiona continuamente e que nos permite a mudança de um coração egoísta para um coração capaz de amar e de partilhar.

PAPA: SE EM ORAÇÃO DISSERES "TU ÉS CRISTO", ELE RESPONDERÁ "É VERDADE"

“A verificação se um cristão é um cristão realmente é a sua capacidade de suportar com alegria e paciência as humilhações”

  
Rádio Vaticano
© Alberto PIZZOLI / AFP









O Papa Francisco afirmou que se cada um de nós, na oração, disser ao Senhor: “Tu és Cristo, o Filho do Deus vivo”, Ele responderá: “É verdade”.

Na homilia de hoje na missa na Casa Santa Marta, o Papa desenvolveu seu pensamento a partir do Evangelho de Lucas, no trecho em que Jesus pergunta aos discípulos o que as pessoas falam Dele e o que eles próprios pensam, até a resposta de Pedro: “O Cristo de Deus”. “Esta pergunta é dirigida também a nós”, disse.

“Foi o Espírito Santo que tocou o coração de Pedro para dizer quem é Jesus. Se é o Cristo, o Filho de Deus vivo, é um mistério... Quem o pode explicar? Se cada um de nós, na oração, disser ao Senhor: “Tu és Cristo, o Filho do Deus vivo”, Ele responderá “É verdade”.

"Jesus pede a Pedro que não revele sua resposta a ninguém e anuncia sua Paixão, morte e Ressurreição". “Pedro – comentou o Papa – se assusta, se escandaliza, como tantos cristãos que dizem: ‘Isto nunca vai acontecer!’”.

“Esta é a tentação do bem-estar espiritual. Temos tudo: temos a Igreja, temos Jesus Cristo, os Sacramentos, a Virgem Maria, tudo, um bom trabalho para o Reino de Deus; somos bons, todos. Porque pelo menos temos que pensar isso, porque se pensar ao contrário é pecado!”

“Mas não é o suficiente; com o bem-estar espiritual até um certo ponto. Como o jovem que era rico: ele queria ir com Jesus, mas até um certo ponto. Falta esta última unção do cristão, para ser um cristão realmente: a unção da cruz, a unção da humilhação. Ele se humilhou até à morte, morte de tudo. Esta é a pedra de comparação, a verificação da nossa realidade cristã: Eu sou um cristão de cultura do bem-estar? Eu sou um cristão que acompanha o Senhor até a cruz? O sinal é a capacidade de suportar as humilhações.”

Segundo o Papa, no entanto, o escândalo da Cruz continua a bloquear muitos cristãos. Todos querem ressurgir, mas nem todos pretendem fazê-lo pelo caminho da Cruz. E, ainda mais, se queixam das injustiças ou afrontas sofridas, comportando-se ao contrário do que Jesus fez e pede para imitar.

“A verificação se um cristão é um cristão realmente é a sua capacidade de suportar com alegria e paciência as humilhações, já que isso é algo que não gostamos... Há muitos cristãos que, olhando para o Senhor, pedem humilhações para se assemelhar a Ele. Esta é a escolha: o cristão do bem-estar - que vai para o Céu, certo de salvar-se! – ou o cristão próximo a Jesus, pela estrada de Jesus.”







(Com informações da Rádio Vaticano)

CATÓLICAS PELO DIREITO DE DECIDIR? NÃO, CAÓTICAS!

Quem são, o que fazem, quem as financia? Conheça o que há por detrás das "Católicas pelo direito de decidir"


Em 1970, nascia nos Estados Unidos, pelas mãos de três membros do grupo abortista NOW ("National Organization for Women"), a organização "Católicas pelo direito de decidir". O intuito era minar as fileiras da Igreja, ludibriando os católicos com a falsa propaganda de que é possível seguir Jesus Cristo ao mesmo tempo em que se defende o aborto. Desde então, as feministas pelo direito a abortar - que de forma blasfema se julgam as porta-vozes do catolicismo feminista, se é que isso possa existir - vêm disseminando mundo afora as bobagens que as fundações internacionais pagam para serem contadas.

Mas não é só o aborto que estas senhoras defendem. Na luta delas também se inclui a apologia aos anticoncepcionais, às uniões entre pessoas do mesmo sexo e a outros absurdos frontalmente opostos ao ensinamento cristão. Tudo em nome da obcecada agenda pelos "direitos reprodutivos da mulher". Ao contrário das santas que, durante toda a história da Igreja, preocuparam-se em anunciar a salvação - gastando-se em vigílias, penitências e outras atitudes heroicas -, as falsas católicas pelo direito de decidir se empenham obsessivamente no combate aos mandamentos de Deus, ou seja, à santidade de vida. E a razão de tudo isso é muito simples, quem a explica é a própria presidente do conluio, a ex-freira Francis Kissling:
"A perspectiva católica é um bom lugar para começar, tanto em termos filosóficos, sociológicos como teológicos, porque a posição católica é a mais desenvolvida. Assim, se você puder refutar a posição católica, você refutou todas as demais. OK. Nenhum dos outros grupos religiosos realmente tem declarações tão bem definidas sobre a personalidade, quando começa a vida, fetos etc. Assim, se você derrubar a posição católica, você ganha"01.
Diante disso, a atitude católica não pode ser outra senão dizer um "sim decidido e sem hesitação à vida", como suplicou incisivamente o Papa Francisco, em seu discurso aos ginecologistas católicos02. Trata-se de caridade cristã. Quando grupos põe em jogo a dignidade da pessoa humana, mas, sobretudo, a salvação das almas, é dever de todo cristão opor-se com firmeza às mentiras que se arvoram sobre os filhos de Deus. Urge, com efeito, uma valente "cruzada de virilidade e de pureza que enfrente e anule o trabalho selvagem dos que pensam que o homem é uma besta. E essa cruzada é obra vossa"03. A filiação divina exige dos fiéis o combate sem trégua às forças do mal. À mentira a verdade, ao escândalo a pureza, à falta de caráter a fortaleza e assim com cada aberração suscitada pelo coração do diabo.
Arregaçando as mangas contra a Igreja, as caóticas pelo direito de matar acusam o Magistério Sagrado de promover a Aids entre as populações menos favorecidas, por causa da condenação aos preservativos. Pobres coitadas, não conseguem compreender - ou pelo menos fingem não conseguir - que aos santos pastores cabe o encargo de proteger o ser humano na sua integridade. A lógica utilitarista da camisinha já se mostrou um verdadeiro fracasso. Primeiro, porque transforma o ser humano num objeto de prazer, arrancando-lhe a sua dignidade fundamental. Segundo, porque estimula as mais torpes depravações sob a aparente "segurança" dos anticoncepcionais. E quem respalda o ensinamento católico é a própria ciência. Edward Green, diretor do Projeto de Pesquisa e Prevenção da Aids da Escola de Saúde Pública de Harvard, confessou recentemente, através de suas pesquisas, que a propósito das polêmicas declarações de Bento XVI sobre os preservativos, o Romano Pontífice estava certo04. De fato, a camisinha é mais o problema do que a solução.

A única maneira de erradicar a Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis é - como a Igreja vem repetindo há anos - através de "uma humanização da sexualidade, isto é, uma renovação espiritual e humana que inclua um novo modo de comportar-se um com o outro"05. Mas isso requer renúncia, sacrifício e, acima de tudo, amor. Todavia, a filosofia apregoada por instâncias feministas ou liberais não está acostumada à virtude, precisamente por isso, cai no reducionismo mesquinho de submeter a dignidade sexual do ser humano a relações de plástico. Aqueles que procuram viver a reta moral, lutando pela castidade e pela fidelidade ao matrimônio não precisam desses subterfúgios baratos. Quando a gravidade dos fatos exige respostas imediatas, elas devem vir da grandeza do caráter humano, não do látex.

Obviamente, não se necessita muito esforço para entender as ações das fajutas católicas feministas. A doutrina de Jesus não pode ser confundida, sob hipótese alguma, com mera formalidade ou exigências morais sem sentido. Cristo é a verdade e a Igreja o canal por onde se chega a ela, tudo o que procede do Catecismo e do Magistério dos Santos Padres tende à salvação do homem. E não poderia ser diferente, já que a Pedro foram conferidas as próprias chaves do céu. Por isso, grupos como as "Católicas pelo direito de decidir" e outras sucursais do inimigo de Deus, por mais barulho que possam fazer, sempre perderão, pois acima de suas cabeças, acima das nuvens cinzentas do pecado e da lavagem, reside um Deus muitíssimo maior, ao qual todas as coisas estão submetidas, até mesmo os demônios dos abismos.






Por Equipe Christo Nihil Praeponere
Referências
  1. Entrevista de Francis Kissling a Rebbeca Sharpless
  2. Discurso do Papa a médicos católicos – 20/09/2013
  3. São Josemaria Escrivá - Caminho, n. 121
  4. O Papa estava certo
  5. Entrevista durante a viagem apostólica à África

LITURGIA DIÁRIA - A RESSURREIÇÃO DE JESUS.

 
Primeira Leitura: Zacarias 2, 5-9.14-15

XXV SEMANA COMUM
(verde - ofício do dia)

Leitura da profecia de Zacarias - 5Levantando os olhos, olhei e vi um homem que tinha na mão um cordel de agrimensor. 6Perguntei-lhe: Aonde vais? A Jerusalém, respondeu ele, para ver qual é a sua largura e o seu comprimento. 7O anjo porta-voz conservava-se imóvel, quando veio ao seu encontro outro anjo que lhe disse: 8Corre! Fala a este jovem. Dize-lhe: Jerusalém vai ficar sem muros, por causa da multidão de homens e de animais que haverá no meio dela. 9Eu mesmo - oráculo do Senhor - serei para ela um muro de fogo que a cercará; serei no meio dela a sua glória. 14Solta gritos de alegria, regozija-te, filha de Sião. Eis que venho residir no meio de ti - oráculo do Senhor. 15Naquele dia se achegarão muitas nações ao Senhor, e se tornarão o meu povo: habitarei no meio de ti, e saberás que fui enviado a ti pelo Senhor dos exércitos. - Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial(Jr 31)

REFRÃO: O Senhor nos guardará qual pastor a seu rebanho.

1.
Ouvi, nações, a Palavra do Senhor e anunciai-a nas ilhas mais distantes: Quem dispersou Israel, vai congregá-lo, e o guardará qual pastor a seu rebanho! -R.

2.
 Pois, na verdade, o Senhor remiu Jacó e o libertou do poder do prepotente. Voltarão para o monte de Sião, entre brados e cantos de alegria afluirão para as bênçãos do Senhor. -R.

3.
 Então a virgem dançará alegremente, também o jovem e o velho exultarão; mudarei em alegria o seu luto, serei consolo e conforto após a guerra. -R.
Evangelho: Lucas 9, 43-45


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - Naquele tempo, 43Todos ficaram pasmados ante a grandeza de Deus. 44Gravai nos vossos corações estas palavras: O Filho do Homem há de ser entregue às mãos dos homens! 45Eles, porém, não entendiam esta palavra e era-lhes obscura, de modo que não alcançaram o seu sentido; e tinham medo de lhe perguntar a este respeito. - Palavra da salvação.


 Reflexão

De alguém que está em seu auge, admirado, conhecido, respeitado; vislumbrando um sucesso maior ainda e consequentemente a conquista do poder, falar sobre sua morte é no mínimo de mau agouro. “Isola”, dirá alguém, batendo três vezes com, o nó do dedo em uma madeira.
Humanamente falando, tudo caminhava bem na missão de Jesus, e aos olhos dos discípulos aquele era um “Trem Bão”, podiam confiar que tudo iria dar certo. Nos dias de hoje ainda temos, infelizmente, um grande número de discípulos que pensam assim, “Encontrei Jesus e a minha vida agora é linda e maravilhosa, tudo está dando certo e a cada dia ele realiza novas maravilhas”. Jesus transformou-se no maior e mais poderoso amuleto da sorte.
Mas logo os seus discípulos ficaram decepcionados, quando Jesus começou a dizer-lhes”O Filho do Homem há de ser entregue nas mãos dos Homens”. A cabeça daqueles primeiros seguidores de Jesus, certamente deu um “nó”. Como poderia tal coisa?Então, o Filho do Homem, vitorioso e que viria nas nuvens, na visão de Daniel, passaria pelo fracasso de ser entregue nas mãos dos homens?.
É bom explicar que, o conceito de Ressurreição ainda era bem precário para os discípulos e a morte biológica era mesmo o fim de tudo. Depois viria o Xeol, a mansão dos mortos e nada mais. O Reino Messiânico era terreno e o Xeol escapa do domínio de Deus. Jesus não fala só da morte, mas da morte e ressurreição, portanto, a morte não é mais o fim de uma etapa, mas apenas parte de um processo onde a Vida é requalificada, tornando-se Vida Eterna.
 
Portanto, não tendo ainda aprimorado o pensamento teológico sobre a morte, e não tendo portanto esta visão de algo em sua plenitude, os discípulos têm medo de fazer perguntas e assim, permanecem na obscuridade sobre o mistério da morte. A Ressurreição de Jesus será a chave para se compreender a morte, que ilumina e dá sentido ao viver humano. Isso não é mais obscuro para a humanidade, Jesus desvendou o mistério, e o Cristão caminha em busca de algo que Jesus já nos deu, mas que ainda não se realizou plenamente. Mas parece que o Homem arrogante e prepotente dos nossos tempos, ainda está longe de compreender essa Verdade e tem medo de enfrentá-la, tentando responder com a mera razão, a uma questão que só pode ter resposta na Fé em Jesus Cristo, Senhor da Vida e das Morte, Senhor do Céu e da Terra.






Diac.José da Cruz