terça-feira, 28 de dezembro de 2010

E O VERBO SE FEZ CARNE, NÃO SE FEZ LIVRO.


Mas a sua presença real permaneceu sobre a terra de várias maneiras: na Eucaristia, na sua Palavra, em cada irmão, entre nós unidos em seu nome.

Natal não é só o 2010º aniversário do nascimento d’ Ele, mas é a celebração do Emanuel, do Deus conosco. Jesus, o Verbo de Deus, um dia descera entre nós, desempenhara a sua missão de Redentor e depois subiu ao céu, junto do Pai.
Mas a sua presença real permaneceu sobre a terra de várias maneiras: na Eucaristia, na sua Palavra, em cada irmão, entre nós unidos em seu nome, em nossos corações, na hierarquia da Igreja. Uma das presenças reais do Verbo, que é Deus, é, portanto a Palavra de Deus.
Bento XVI na Exortação Apostólica pós – Sinodal recém publicada, “Verbum Domini” afirma: “Na Palavra de Deus proclamada e ouvida e nos Sacramentos, Jesus hoje, aqui e agora, diz a cada um: « Eu sou teu, dou-Me a ti », para que o homem O possa acolher e responder-Lhe dizendo por sua vez: « Eu sou teu ».

Assim a Igreja apresenta-se como o âmbito onde podemos, por graça, experimentar o que diz o Prólogo de João: « A todos os que O receberam, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus » (Jo 1, 12). (n. 50). Chiara Lubich com suas primeiras companheiras faziam três comunhões cotidianas: comunhão com Jesus Eucaristia, com a Palavra de Vida e com os irmãos.

A Missão Continental, fruto da 5ª Conferência latino americana e caribenha de Aparecida, foi um impulso para tornar-nos todos missionários e lançar-nos numa Nova Evangelização. Somos chamados a gerar Cristo no coração dos irmãos.

“Minha mãe e meus irmãos são todos aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 8,21). Portanto, existe uma possibilidade admitida por Jesus de sermos de algum modo, sua mãe. Nós podemos gerar Cristo nas almas, como uma mãe gera justamente através a Palavra.“Se alguém com sua palavra faz nascer o amor do Senhor na alma de um próximo, ele como que gera o Senhor, porque o faz nascer no coração de quem ouve a sua palavra, e se torna mãe do Senhor” (São Gregório Magno)

Muitas vezes experimentei esta verdade.

Uma vez veio ter comigo uma senhora que queria separar do marido, por causa das bebedeiras dele. Ouvi com atenção e no final lembrei a ela o compromisso do casamento “Eu te recebo e Prometo ser fiel na alegria, na tristeza, na saúde e na doença, amando-te e respeitando-te todos os dias da minha vida”. Falei da cruz de Jesus e da nossa. Convidando-a para refletir. A senhora foi embora chorando. Depois de um ano a mesma senhora me procurou para agradecer dizendo: “No ano passado fui embora até revoltada, pois pensei o Bispo não entendeu o que estou sofrendo. Depois fiquei pensando o que eu poderia melhorar. Procurei calar mais e dar mais atenção ao meu marido. Depois de alguns meses meu marido deixou a bebida. Hoje agradeço a Deus porque o meu marido está comigo e os meus filhos têm o pai perto deles.”

Outra vez um homem veio para queixar-se pela maneira pouco transparente em que era administrada a sua paróquia. Ouvi com muita atenção, procurando ver com ele o que poderíamos fazer para ajudar a paróquia. Lembrei das críticas ao apóstolo Pedro, que foram ocasião para fazer nascer os diáconos. De fato quando convidei este irmão para colaborar em vários trabalhos da Diocese, se prontificou com muita generosidade.

Algumas vezes, viajando pela diocese, peço a companhia de um seminarista. A viagem se torna um tempo precioso para rezar e para conversar. Um dia um deles pode partilhar toda a situação difícil de sua família e encontrar a atitude de fé para enfrentar com coragem as dificuldades. Ás vezes Deus permite que passemos dificuldades em família, para ter experiência pessoal e ao longo da vida poder ajudar tantos que passam pelas mesmas dificuldades.

Todo mês temos um dia de retiro do Clero e das religiosas que atuam nas paróquias. Uma vez faltou um dos padres. Percebi que não deveria ficar cobrando, mas amando. No dia seguinte fui de carro até a cidade onde ele morava, para fazer uma visita e saber se estava bem de saúde. Nasceu com aquele padre um novo relacionamento de abertura e confiança.

Nos encontros com os colegas Bispos, ouvi alguns que estavam com dificuldades financeiras para acertar as mensalidades dos seminaristas. Voltando para casa senti que poderia ajudar os colegas com mais dificuldades. Liguei para eles e ofereci um empréstimo da minha Diocese a ser devolvido sem pressa. Percebi a alegria deles, e cresceu a nossa fraternidade.
Participando a um encontro internacional de Bispos na Suíça notei um colega vindo da África que estava passando frio. Foi a ocasião para oferecer o meu agasalho; o colega ficou muito agradecido. Um ano depois, vi aquele colega usando aquele mesmo agasalho.

Na Visita ad Limina em Novembro de 2009 preparando-me para encontrar o Santo Padre pensei o que poderia comunicar para dar-lhe alegria. Falei com ele do compromisso de fazer da Diocese “a Casa e a Escola da comunhão”. Falei da variedade de Congregações religiosas masculinas e femininas, dos Movimentos e Novas Comunidades, das Associações e Irmandades, que trabalham unidas nos projetos pastorais de evangelização. E ele sublinhou: “É muito bom caminhar unidos.” com um sorriso de complacência.

Ainda maior a sua maravilha quando relatei dos vários encontros realizados com Pastores de outras Igrejas: Assembléia de Deus, Congregação Cristã do Brasil, Adventistas, Presbiterianos, Batistas, Metodistas. Ele exclamou: “Esta é uma coisa muito interessante, que ouço pela primeira vez”.
O Servo de Deus Card. Van Thuan quando estava na prisão de Phu - Khanh escreveu: “Observa uma única regra: o Evangelho. Esta norma está acima de todas as demais. É a regra que o próprio Jesus deixou para os seus discípulos (cf. Mt 4,19). Não é difícil nem mesmo complicada ou legalista como as outras regras. Ao contrário, é dinâmica e estimulante para o teu espírito. Um santo longe do evangelho é um santo falso”.

Preparando-nos para a festa do Natal queremos pedir a Nossa Senhora, que acolheu Jesus em seu seio e em seu coração, que nos ajude a fazer da Palavra o alimento quotidiano de nossa vida e que como ela possamos dizer a cada momento: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa Palavra”.


Por: Dom Salvador Paruzzo
Fonte:CNBB
comunidade Bethania

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